Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

sexta-feira, julho 11, 2008

Prémios 2008

A época está a acabar. Sem os torneios habituais, por via de trabalhos de selecções. Apenas com o regresso dos nocturnos de praia, o que já não é mau.
E nesta altura, gostava de poder atribuir o “Prémio Avô 2008”, que o ano passado foi ganho pelo Carnaxide, mas não posso. Talvez mais tarde, quando se souberem (se se vierem a saber) os resultados dos campeonatos jovens (quais é que houve?) e veteranos (houve?). Algo me diz que, este ano, a batalha seria entre o CCCD e o Benfica, mas talvez nunca venha a saber. É pena.

Como também não há Gala e apetece-me fechar a época com galardões, ficam aqui os meus nomeados.
É uma lista pessoal. Seriam os meus votos, simplesmente isso. E vale o que vale. Por isso, seria giro que apresentassem os vossos votos. Valendo isso também o que vale.
Claro que são tendenciosos. Não tanto pela parte da simpatia, embora essa exista sempre nos condicionalismos de quem vota, mas mais por uma questão de dados. Ninguém viu todos os jogos. Pouca gente terá visto todas as equipas a jogar. Por isso, é natural que alguns agentes sejam beneficiados ou prejudicados na avaliação de cada um pelo facto de cada um ter visto mais ou menos jogos desses agentes. Até pode acontecer que eu tenha visto um único jogo de alguém e esse ter sido o seu melhor ou o pior jogo da época. Azar ou sorte. Paciência. Feitas as devidas advertências, azar e sorte fazem parte das regras do jogo. E o jogo (já sabemos) vale o que vale.
E depois também há a questão dos critérios. Valorizarei factores que outros valorizam menos, muito provavelmente. Ainda bem. Viva a diversidade.
Importante era que um painel alargado e devidamente legitimado fizesse a votação. E que as falhas de dados de cada um fossem colmatadas pela presença de outros. E que os critérios de uns se equilibrassem com os critérios dos outros. Mas, não havendo, cá está o meu boletim, guiando-me pelas categorias habituais (3 anos já fazem um hábito, penso eu).

Melhor Treinador
1º - Jorge Ramos (CCO) – Porque ganhou tudo. Porque está firme na Selecção principal.
2º - Catarina Miranda (LAC) – Porque continua a fazer o que sempre fez: formar jovens com gosto pela modalidade e espírito desportivo.
3º - Nuno Ferro (NCB) – Foi 2º. Treina a 2ª Selecção. É sempre uma referência para qualquer treinador que o queira mesmo ser.

Melhor Jogadora
1º - Alexandra Silva (CCO) – Sem dúvidas. Basta ter visto os 4 jogos dos títulos. A melhor e mais completa jogadora da actualidade.
2º - Carla Antunes (NCB) – Basta ter visto os tais 4 jogos para ver que não podia ser primeira. Mas os mesmos jogos, e mais ainda, mostram que está acima do resto da concorrência.
3º - Inês Biocas (CCO) – Sempre espectacular. Nem sempre consistente. Mas a 3ª, sem grandes dúvidas.

Melhor Jogador
1º - Miguel Costa (CCO) – Mesmo abaixo (fisicamente) do que já mostrou noutras alturas, continua a ser o melhor. Com a capacidade que demonstra, mais o entusiasmo, mais a dedicação, aliados à idade, parece que temos nº 1 por alguns anos. Ainda por cima os homens não engravidam.
2º - Henrique Marques (NCB) – Confesso que foi com surpresa que achei que foi o melhor jogador do NCB esta época. De certeza que, para uns, não foi o melhor e, para outros, não só o foi como não houve surpresa alguma. Fico então com esta minha opinião: Não esperava, mas é o melhor jogador do NCB neste momento.
3º - Jaime Ponciano (CCCD) – Continua a ser essencialmente um pistoleiro, que lança de qualquer lado, mesmo que ultra pressionado, de uma forma pouco ortodoxa, mas com uma concretização invejável. Só que já não é só isso. Tem evoluído em todas as outras funções e está muito mais completo.

Melhor Árbitro
1º - Jorge Alves (ESC) – Sem competição.
2º - Ricardo Ferreira (NCB) – É o árbitro mais rigoroso em fazer cumprir o que está escrito, mesmo que, às vezes, a letra da lei seja uma picuínhice. Caro que isto não lhe dá muitos amigos, mas o que se pede a um árbitro não é mais do que fazer cumprir as regras.
3º - Carlos Faria (NCB) – Tive algumas dúvidas neste 3º lugar. Vi pouco o Carlos este ano, mas o que conheço dele é melhor do que o muito que vi dos outros.

Jogadora Revelação
1º - Mafalda Mota (GDBD) – Sem dúvidas. Uma surpresa muito positiva este ano.
2º - Rita Mimoso (KLxP) – Por falta de hipóteses, guiei-me pela opinião de terceiros. Não me lembro de a ver jogar, mas consta que regressou em grande, após uns anos de afastamento.
3º - Joana Oliveira (NCB) – Já não é uma revelação, mas continua a surpreender que se aguente na alta-roda como gente grande.

Jogador Revelação
1º - Bruno Amaral (CCCD) – Mais produtivo que outras esperanças da mesma geração. E mais humilde.
2º - Daniel Amaral (GDBD) – O crescimento dos últimos anos não foi só físico. Grande melhoria atlética e na compreensão do jogo.
3º - Tiago Ralha (CCO) – Esta é uma modalidade em que é possível ainda que alguém não-jovem salte numa época ou duas para a Selecção Nacional.

Equipa Fair-Play
1º - CCO Sub-13 – Escolhi só os sub-13, porque são jovens e merecem. O CCO vem à frente porque mostrou que fair-play não é só em relação ao adversário. A integração também faz parte dos nobres princípios que deverão reger sempre esta modalidade.
2º - NCB sub-13 – Excelente espírito.
3º - CSD sub-13 – Idem.

Prémio Especial
GoKorfball / GoKids – Porque continua a fazer algo de qualidade pela modalidade e é a única instituição a fazê-lo fora da esfera Federação / Clubes, o que nem sempre é fácil.

terça-feira, julho 01, 2008

^Cu vi parolas Esperanto?


Naqueles tempos tão idos que, por não se saberem situar, se chamam bíblicos, um conjunto de homens, comuns mortais, quis chegar a Deus.
Juntos, no esforço colectivo, edificaram a maior torre que alguma vez o Mundo vira ou veria. Com aquela torre, chegariam a Deus.
E chegar a Deus era algo que os Seus intérpretes na Terra proclamavam como Bom, como desejável pelo Próprio. Portanto, aquela obra magnífica teria de ser do Seu agrado.
Mas não. Os intérpretes enganaram-se. Não era bem assim. Chegar sim, mas com moderação. Chegar a Deus só numa perspectiva espiritual. Não era para levar à letra.
Incomodado com uma torre que já Lhe fazia cócegas no nariz, Deus irritou-se. Ousavam então esses vermes mortais edificar algo tão magnificente que só se poderia igualar às Suas obras?!
Nunca! Deus é Deus. Podem aparecer torres que cheguem ao Céu, mas o Arquitecto, o Engenheiro, o Mestre-de-Obras tem de ser Ele. Ao homem estará reservado o papel de servente, de trolha, na melhor das hipóteses poderá ser um aprendiz.
Então, Deus destruiu a torre e pregou uma valente reprimenda a todos os que se lembraram de tal heresia.
Mas ficou intrigado… Afinal, tinha menosprezado o serzinho a quem tinha dado uns pingos de inteligência. O saber pensar era só para que algum ser na Terra O pudesse adorar. Todos os outros eram demasiado animalescos para o fazerem e só por isso tinha inventado um macaco pensante. Mas era só para isso, nunca para erigir torres até aos Celestes Domínios. Então, como é que tinham conseguido?
Pesquisou e chegou à conclusão que os homens tinham atingido um conhecimento que os poderia levar longe. Os homens tinham adquirido a noção de colectivo. Trabalhando em conjunto chegariam mais longe. Somando pensamentos, forças e motivações, o homem deixava de ser um pontilhado de seres insignificantes para se tornar numa massa poderosa.
Deus ficou preocupado. Se continuassem assim ainda iam descobrir o Corfebol, supra sumo do Colectivo.
Então, para cortar o mal pela raiz, impediu que o insignificantezinho pensante que pululava na Terra voltasse a entender-se entre si. Se era pelas palavras que o homem de unia, pelas palavras se separaria. Deus instituiu, nesse longínquo tempo bíblico, que jamais os homens voltariam a falar uma única língua. A cada povo, a cada grupelho, foi dada uma forma de comunicação incompatível com as vizinhas.
Desentendimentos, guerras, cisões, fracturas na massa poderosa sucederam-se, deixando Deus mais descansado com a impossibilidade de alguma vez Babel se repetir.

Mas o Homem, por vezes, suplanta deus. E dos Homens, com ou sem inspiração divina, nasceram, ao longo dos tempos, grandes obras. Obras palpáveis e obras pensáveis. E uma delas foi a união de esforços para repor a injustiça que deus tinha cometido no tal longínquo tempo bíblico.
Alguns pensantes resolveram coordenar esforços no sentido de instituir uma língua universal. Desta vez, porque o tempo nunca volta atrás, já não poderia ser uma única língua falada em todo o Mundo, por todos os Homens. Mas poderia ser uma língua que corresse em paralelo com as línguas de cada um. Não desapareceria a língua-mãe de cada povo, mas haveria uma língua-chapéu-de-chuva para todos. Para que todos se entendessem, onde quer que estivessem.
Várias hipóteses foram sendo lançadas. Já que se ia construir algo desde o berço, então que fosse perfeita, simples, fácil de ensinar. Deveria fugir às particularidades de alguma das línguas existentes, ou talvez aproveitar o que de melhor tem cada uma delas. Tarefa árdua, impossível, até.
Uma das hipóteses, talvez não a melhor, talvez não a definitiva, se ergueu de entre as outras e ganhou força. O Esperanto, de Ludwik Zamenhof, espalhou-se e colecciona adeptos um pouco por todo o Mundo. Estes, batalham pela vingança sobre Babel. Anseiam poder viajar, negociar, socializar, ao abrigo de um conceito linguístico comum.
Os holandeses que vêm jogar a Portugal esta semana, não teriam de falar inglês com os catalães. Os holandeses não deixariam de falar holandês entre si, mas teriam como 2ª língua uma que fosse comum aos portugueses, aos catalães, aos ingleses, aos chineses, aos russos, aos colombianos, aos moçambicanos, aos australianos.
Numa geração, punha-se toda a gente a saber Esperanto. As relações internacionais, fossem de que cariz fossem, saíam sempre a ganhar. Bastava vontade política. Bastava uma vontade política comum, una.
Mas a possibilidade de existir uma vontade política uniforme entre os povos é uma miragem desde que, num campo de batalha algures na Babilónia, num tempo distante e bíblico, Deus-Todo-Poderoso derrotou o insignificante homem e o proibiu de se entender entre si.