Aos novos Árbitros
A história que introduz esta intervenção não é minha. É do povo; anda de laringe a tímpano; e reza próximo disto:
Em tempos idos, duas crianças patinavam no gelo. A certa altura, uma delas foi traída por uma camada de gelo mais fina, que se quebrou, e caíu à água gelada.
Longe de tudo, sem se vislumbrar ajuda possível, o outro infante, tenrinho na idade mas consciente da falta que o companheiro lhe faria se ali ficasse, hirto e frio, num aterradoramente gélido limbo, mergulhou para o salvar.
Quando chegou ajuda, encontraram as duas crianças salvas - não totalmente sãs, que o frio não perdoa - e perguntava-se como é que era possível um jovenzito daquela idade ter realizado tão valoroso salvamento. Não era normal que o conseguisse. Seria proposto a milagre, acaso não fossem as gentes da fria terra totalmente ateias.
E no meio destas considerações, eis que um ancião (porque são sempre sábios os anciãos, pelo menos nas histórias) passa e comenta - "A razão porque ele conseguiu, foi não haver em volta quem lhe dissesse que não iria conseguir".
Corfebolistas pouco experientes na arte de soprar oportunamente o apito vão iniciar-se em breve nas arenas do misto jogo. Que sejam como o jovem da história e ninguém lhes diga que não sabem.
6 Comments:
Ó por outra que lá esteja alguém a quem possam recorrer, para se não sabem.....virem a saber.....
Ó por outra ainda que não julguem os presentes que todos sabem.....
Força Mafalda e Dani, tamos convosco!
Já que os mais experientes se andam a cortar em bora lá putos e façam o vosso melhor!
Admito que depois de encontrar este blog, me surpreendeu.
Não estou muito a par do "pano preto" por detrás da modalidade e a unica menção que tive sobre o "Avô" foi quando me disseram que havia um senhor (talvez..), que teria escrito algo não muito bonito sobre as meninas do Lac. Digamos que as criticas sobre as saias, curtas ou não, foram um bocadito patéticas, principalmente numa modalidade em que o equipamento das meninas prima pela diferença, por ser saia. Mas, também decerto, não iria ser por este "Avô" que dormiria pior nessa noite.
Simplesmente me perguntava porque havia tantas diferenças para connosco e porque motivo gostavam de falar tanto do Lac.. passado um tempo percebi "que se gosta sempre de falar do que é novo".
Acabámos por perder o interesse e de ser o principal tema de conversas, felizmente!, embora certas pessoas pensem o contrário.
Quando insistimos com a nossa antiga professora de Educação Física, desde então treinadora, para formarmos clube, nunca pensei que apesar de pequeno, este meio fosse um lugar bem pior que o Iraque. Tudo a palpitar para ver quem suga mais sangue aos novatos. Gostava daquilo que fazia e para mim chegava. Certa altura tive que escolher. Ou continuava com o Corf, ou continuava com o Teatro.
Sinceramente os meus pais nunca acharam piada nenhuma a que eu praticasse uma modalidade de que nunca tiham ouvido falar e que segundo eles "não te trás beneficios nenhuns". Mas o gosto pela modalidade falou mais alto e preferi o Corfebol a tudo.
Tempo depois, chegou a primeira versão do All Star, que neste caso já não sei bem se existiu visto que este ano lia-se por todo o lado que esta é que era a primeira edição. A minha treinadora convocou os jogadores que achava que deveriam participar. Fui contentíssima e orgulhosa de poder dizer aos meus pais e amigos. A alegria durou pouco. Mal tinha entrado para me equipar e me viram, certas raparigas comentaram que não queriam jogar comigo, pois eu não sabia jogar. Tudo bem. Ainda estou num processo de aprendizagem. Tenho pena, mas quando era pequena e ainda acreditava, não pedi ao Pai Natal para me dar o dom de poder surpreender na modalidade, visto que nem sequer a conhecia. Mas pelos vistos cometi o crime de querer aprender mais e de tentar melhorar. Certo será dizer que o jogo me correu pior que mal e só me apeteceu não mais voltar a jogar.
Dois anos depois, estou no verdadeiro sentido da palavra, me cagando (um termo um pouco enganador, mas foi o melhor que se enganou) para essas pessoas e para as suas opiniões. Também começaram de baixo e se estão aonde estão, foi porque lutaram para tal. Também eu luto cada treino para melhorar. E sinto que o tenho feito.
Ora pois bem, toda esta história por dois pontos. O primeiro porque se decidirem tratar todos aqueles que se iniciaram à pouco tempo, ou que pensam iniciar, do mesmo modo que me trataram, acho que não vale a pena sequer supor que um dia as coisas virão a melhorar. O segundo ponto é que depois de ler a maioria dos textos, percebi que também é dos que gosta do que faz e que tenta por tudo abrir a janelinha.
Surpreendeu-me. Já o disse. Mas é que surpreendeu mesmo. Se antes me estava também "lixando" para o "Avô" e as suas opiniões que levava tão a sério como aos discursos de políticos, honestos ou não, neste momento sinto uma grande admiração por si. O que é estranho, pois nesse sentido acho que só o Fernando Pessoa mo conseguiu proporcionar e esse está morto (Um dos factores para gostar dele).
Gosto da maneira como brinca com as palavras, da maneira simples e directa como aborda os assuntos, do modo impessoal que tem para tratar das coisas que mais pessoais não poderiam ser.
Sim senhor, temos palavra.
Neste momento ponho-me a pensar se o conheço.. se sim, ainda bem que não lhe conheço a faceta de "velhinho rezingão e sábio".. os rostos não dignificam palavras, por vezes só as complicam.
Moral da história:
Bem me dizia a minha avózinha
"Quem vê caras, não vê corações."
Gostaria, claro, de saber que deixaria muita gente orgulhosa quando soubessem que pratico Corfebol (repetitiva, mas as palavras nesta altura já me escapam), mas este fascinante desporto ainda não conseguiu essa maravilha. Se é preciso ir correr para a ponte com um poste, tudo bem, vamos. Se é preciso andar a colar papéis e autocolantes por todo o lado, vamos (se bem que este ultimo não era nada de novo). Mas é todos juntos. Sem críticas idiotas e infantis.
Da minha parte só posso prometer que falarei com o meu clube e que tentaremos obter ideias e cada um de nós, dar algo mais para a manutenção/divulgação da modalidade, mas espero que todos o façam. É que os "cere-lac" sozinhos não vão conseguir muito.
A si, pede-se que continue assim. A tentar colocar juizo nestas mentes novas e já não tão novas.. pode ser que lhes dê um ataque de loucura e que prometam aos céus, que naquele dia (em que só por acaso vão ter jogo) não chamarão nomes a ninguém, aliás, que se portarão como cordeirinhos (bendito árbitro, que hoje terá um dia no reino dos céus). Amém.
Eu gosto de sonhar, mas é tudo muito mais fácil, quando sinto que alguém sonha com o mesmo que eu. Vamos mostrar ao país, porque razão este desporto nos apaixonou.
Sem mais a dizer, além das centenas e centenas de linhas, pedindo desde já desculpa, mas sempre fui apta a testamentos, aqui ficam os meus agradecimentos por ser como é. O Avô. Não o senhor (ou senhora, ou menino, menino, etc.. as tecnologias agora andam avançadas).
Beijinho*
De uma menina do Lac.. (algo óbvio porque depois disto, a capacidade de raciocínio já deve estar num nível muito abaixo do normal)
lá para o meio digo enganou.. Queria dizer "arranjou".. O sono já pesa..
Já agora, visto que o tema é sobre os árbitros, boa sorte a todos. Devagar, devagarinho hão-de obter o respeito dos jogadores, que não têm coragem ou tempo de tentar apitar um jogo (como o meu exemplo claro), e que dignarão a aceitar todas as decisões tomadas.. mesmo as más.
Apesar de no fundo, voces já estarem habituados a ser o bode expiatório.. (Melhor o bode que certos animais ruminantes e que costumam ser mencionados durante os jogos.. O nome até é razoável). O respeito virá. *
glória, amiga, gosto de ti!
passadas tantas gerações, és a personificação dos pioneiros do corfebol em portugal.
fazem falta jogadores como tu no nosso corfebol, podes crer!
de certo que o avô concorda comigo: há muito tempo que não se lia/ouvia/sentia nada assim de uma novata na 'arte' de corfebolar!
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