O Eclipse
- Avó, estou nervosa para o jogo de logo à tarde.
- É natural, Inês, é um jogo importante. O primeiro título da época...
- Porque é que se chama Taça Cooperação, Avó?
- Estávamos em 2005... Lembro-me de acordar numa manhã de Eclipse do Sol, um Eclipse Anular ou Anelar, ou lá o que era, um fenómeno raro que só acontece de muito em muito tempo.
Acordei com o pessimismo que varria todas as pessoas que gostavam verdadeiramente da modalidade. Estávamos preocupados por não encontrarmos soluções para um vazio que se tinha criado. Não havia Direcção da Federação, as competições tinham sido suspensas, o clima geral era preocupante.
Mas o pior não era só o facto de não haver listas para a Federação. Era o ambiente geral... Os árbitros só o eram por obrigação, os treinadores só o eram porque alguém tinha de ser, parecia que se tinha chegado a um ponto em que tinha caído um manto escuro de desânimo sobre o Corfebol em Portugal.
- Um Eclipse?
- Sim, como um Eclipse. Foi o que senti essa manhã. Era como se o Sol que tinha iluminado tantas coisas boas, que tinha alimentado algumas das memórias mais felizes da minha vida, tivesse sido de repente tapado por uma Lua contra a qual não podíamos lutar. Várias vezes, temporariamente, o Sol tinha escondido a cara, atrás de nuvens, mas as nuvens leva-as o vento e a Lua é pesada demais.
Mas foi um peso que conseguimos afastar. Foi um momento lindo. Durante dias, houve uma união nunca antes vista. Todos ajudaram a voltar a dar ao Corfebol o brilho que tinha embaciado. Era ver aqueles que sempre tinham esperado que outros fizessem o trabalho por si, era ver aqueles que tinham só um ou dois anos de Corfebol, era ver os mais velhos, os mais novos, as mulheres e os homens, os de maior currículo corfebolístico e os novatos... todos a puxar a carroça para a desatolar da lama.
- “Eram Mulheres e Crianças, cada um com o seu Tijolo”...
- Exactamente. Cada um fez o que pôde, de acordo com as suas possibilidades. Não houve líderes, houve obreiros. Por uma vez, não se ouviram críticas destrutivas ao trabalho do vizinho do lado, porque por uma vez esse vizinho era um colega. Todos éramos colegas uns dos outros. A Cooperação venceu o Eclipse.
- É daí que vem o nome da Taça.
- Sim. Institui-se essa competição, realizada sempre no início da época, para comemorar esses momentos magníficos que te permitem hoje estares a jogar. Hoje vais entrar em campo bem equipada, bem preparada, numa equipa ambiciosa, inserida numa clube bem estruturado. Vais ter pela frente um adversário com iguais características. Uma dupla de arbitragem motivada e habilitada vai conduzir o jogo, final de uma competição organizada por uma Federação competente. O Corfebol é bem visto na comunidade. É um Desporto em estável expansão.
- Tudo porque todos se uniram em torno de uma causa!
- Não só. Gosto de pensar que o principal é o Corfebol e tudo o que este Desporto representa. Depois vêm as pessoas e o que elas fazem. Se o Corfebol cresceu, isso deveu-se, sobretudo, a ser o que é. As pessoas limitam-se a fazer as nuvens pararem mais tempo diante do Sol ou fazê-las sair mais depressa. Por vezes, são chamadas a deslocar a Lua – esforço hercúleo só possível quando a massa substitui o indivíduo e sempre com a motivação que nos dá esta modalidade que escolhemos abraçar.
- É natural, Inês, é um jogo importante. O primeiro título da época...
- Porque é que se chama Taça Cooperação, Avó?
- Estávamos em 2005... Lembro-me de acordar numa manhã de Eclipse do Sol, um Eclipse Anular ou Anelar, ou lá o que era, um fenómeno raro que só acontece de muito em muito tempo.
Acordei com o pessimismo que varria todas as pessoas que gostavam verdadeiramente da modalidade. Estávamos preocupados por não encontrarmos soluções para um vazio que se tinha criado. Não havia Direcção da Federação, as competições tinham sido suspensas, o clima geral era preocupante.
Mas o pior não era só o facto de não haver listas para a Federação. Era o ambiente geral... Os árbitros só o eram por obrigação, os treinadores só o eram porque alguém tinha de ser, parecia que se tinha chegado a um ponto em que tinha caído um manto escuro de desânimo sobre o Corfebol em Portugal.
- Um Eclipse?
- Sim, como um Eclipse. Foi o que senti essa manhã. Era como se o Sol que tinha iluminado tantas coisas boas, que tinha alimentado algumas das memórias mais felizes da minha vida, tivesse sido de repente tapado por uma Lua contra a qual não podíamos lutar. Várias vezes, temporariamente, o Sol tinha escondido a cara, atrás de nuvens, mas as nuvens leva-as o vento e a Lua é pesada demais.
Mas foi um peso que conseguimos afastar. Foi um momento lindo. Durante dias, houve uma união nunca antes vista. Todos ajudaram a voltar a dar ao Corfebol o brilho que tinha embaciado. Era ver aqueles que sempre tinham esperado que outros fizessem o trabalho por si, era ver aqueles que tinham só um ou dois anos de Corfebol, era ver os mais velhos, os mais novos, as mulheres e os homens, os de maior currículo corfebolístico e os novatos... todos a puxar a carroça para a desatolar da lama.
- “Eram Mulheres e Crianças, cada um com o seu Tijolo”...
- Exactamente. Cada um fez o que pôde, de acordo com as suas possibilidades. Não houve líderes, houve obreiros. Por uma vez, não se ouviram críticas destrutivas ao trabalho do vizinho do lado, porque por uma vez esse vizinho era um colega. Todos éramos colegas uns dos outros. A Cooperação venceu o Eclipse.
- É daí que vem o nome da Taça.
- Sim. Institui-se essa competição, realizada sempre no início da época, para comemorar esses momentos magníficos que te permitem hoje estares a jogar. Hoje vais entrar em campo bem equipada, bem preparada, numa equipa ambiciosa, inserida numa clube bem estruturado. Vais ter pela frente um adversário com iguais características. Uma dupla de arbitragem motivada e habilitada vai conduzir o jogo, final de uma competição organizada por uma Federação competente. O Corfebol é bem visto na comunidade. É um Desporto em estável expansão.
- Tudo porque todos se uniram em torno de uma causa!
- Não só. Gosto de pensar que o principal é o Corfebol e tudo o que este Desporto representa. Depois vêm as pessoas e o que elas fazem. Se o Corfebol cresceu, isso deveu-se, sobretudo, a ser o que é. As pessoas limitam-se a fazer as nuvens pararem mais tempo diante do Sol ou fazê-las sair mais depressa. Por vezes, são chamadas a deslocar a Lua – esforço hercúleo só possível quando a massa substitui o indivíduo e sempre com a motivação que nos dá esta modalidade que escolhemos abraçar.
- Estou contente por o teres feito, Avó, e por tu e o Avô terem passado esse “bichinho” ao meu Pai, que o passou à minha Mãe, a mim e ao mano. Prometo que serei digna da Taça Cooperação, hoje e sempre.
16 Comments:
sniff... sniff...
Não podeia ser mais actual (por causa do eclipse de hoje e por causa também do estado em que estamos)
é irónico que a data de fim de entrega de listas para a FPC seja um dia de eclipse
será que quer dizer alguma coisa?
Adorei. Faz mexer cá dentro
Um bocado lamechas mas atualissimo
A foto, apesar de ser de um eclipse antigo, só foi posta hoje. Acho-a magnífica e sempre dá um toque de cor ao post.
É pena ser laranja, faz-me lembrar um clube de pessoas tristes....
Clubes que usam a cor laranja há dois no campeonato nacional de corfebol por isso acho triste esses comentários.
Como tal leva aqui uns miminhos pa se sentir melhor, visto tar a precisar de um certo afecto, talvez do bibi:
Ó seu grandessíssimo boi(vaca caso seja feminina), sua besta quadrada, sua roda de camião descalibrada, se fosse tomar no buj.. ja fazia melhor figura.
Espero que lhe nasça um pessegueiro no recto.
Acho que o avô tem muito geito para fazer metáforas. A Lua, o Sol e as Nuvens, acho muito giro. A história de termos todos de puxar para o mesmol lado (também é gira a metáfora do carro na lama)já chateia um bocado mesmo que seja verdade, mas acho agradável de ler este post.
É pena que depois venham uns idiotas a estragar tudo. Um deles faz um comentário sem sentido para um clube que nem sequer o identifica (pois é verdade que há dois clubes cor de laranja). Se calhar ainda bem, porque se o identifica-se ia dar um a discussão ainda maior.
A seguir vem outro com palavras abusivas e é nisto que o corfebol anda em Portugal. Assim não vale a pena apelar a que todos se unam para salvar o corfebol.
Entretanto também o Avô se eclipsou.
Não há competições, não há blog... anda o pessoal todo desanimado.
Então avô comeste alguma laranja podre e eclipsaste???
Voltando à questão das laranjas porque é que hão-de fazer lembrar clubes e não os holandeses como no post anterior?
E o Avô onde está?
alguém disse, acerca do futebol, que, "agora, as pessoas gostam mais dos clubes do que da modalidade".
parece-me que com corfebol está-se a passar o mesmo.
é triste!
O comentário da laranja podre tinha mesmo a ver com os amigos laranjas, e nada a ver com equipas laranjas....
aaahhhh!
'vô?!...
a-vôôhôôô?!...
onde estás avô?
onde estás...
Enviar um comentário
<< Home