Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

quarta-feira, março 02, 2005

Entrevista

E – Olá, Avô. Muito obrigado por nos conceder esta Entrevista.
 – Obrigado eu, pela oportunidade de dizer qualquer coisa num sítio que até é meu e onde sou eu que decido quem é que diz qualquer coisa.
E – Pois.
 – Mas vamos lá à entrevista...
E – Ok. Porquê fazer um Blog?
 – Essencialmente, por piada. Os Blogs estão na moda, os bloggers até foram considerados as figuras do ano 2003, se não me engano pela Newsweek. O Corfebol não tinha Blog e cá estou eu, sempre na proa do barco, a dar um novo mundo ao nosso mundo.
E – Sempre a referência náutica. Olhando para “O Barco” percebemos que teve muito a ver com o que se passava no Berço do Avô – o Fórum da FPC.
 – Obviamente. O ambiente estava péssimo no Fórum e particularmente para mim. Li muitas coisas que me revoltaram. Às vezes, a conversa atingia níveis odoríferos semelhantes à Ribeira dos Milagres em dia de descarga suinícola. Daí que as minhas intervenções, a certa altura, se viram guiadas pela azia e pelo desconforto, tornando-se também rudes. Mas nunca chegaram ao ponto de algumas agressões a que fui sujeito.
E – Daí aquela frase que alguém disse na altura sobre a compostura e o balde...
 – Que nem o mais fleumático dos gentlemen britânicos manteria a compostura se lhe enfiassem um balde de trampa pela cabeça abaixo. É bem verdade e serve de pequena consolação para os excessos que sei que cometi.
E – Quase quatro meses depois, qual é o balanço?
 – Acho que o saldo é positivo. Tenho pena de não ter acesso a contadores, para ver quantas pessoas vêm cá ler. Mas tem havido um número interessante de comentários.
E – Bons comentários?
 – Vários com muita qualidade. É muito giro ler os comentários ao “Este Mundo...” e dá-me pena que um Blog seja limitado quanto à participação externa. Faz falta um Fórum.
E – É por isso a “Folha em Branco”?
 – É. Apeteceu-me dar um espaço aos outros. O Blog não deixa de ser meu e quem não gosta escusa de cá vir, mas sinto-me só. Gostava de ler outras coisas, sem ter de ser em resposta aos meus posts.
E – E assim atenua-se o bloqueio criativo dos últimos dias?
 – Não se trata só de um bloqueio criativo, mas também passa por aí. O Corfebol não é assim tão extenso em temas que permita uma produção com o ritmo inicial deste sítio. Mas tem muito a ver também com questões pessoais e profissionais, que me impedem de pensar nisto tanto tempo quanto desejaria.
E – Mudando de assunto...
 – Antes de mudar de assunto, em relação a ter valido a pena, acho importante um pormenor que não sei se foi coincidência ou não. Fiz algumas sugestões, neste mesmo espaço, e passados uns dias, uma dessas sugestões está a ser adoptada.
E – A Meia-Maratona?
 – Isso mesmo. Eu sei que é uma ideia já antiga, e que várias pessoas já a discutiram, mas – das duas, uma – ou é coincidência, ou então alguém leu a sugestão e fê-la avançar. Nestas alturas, acho que vale mesmo a pena intervir, sugerir, agitar. E aí, ter um Blog é muito bom.
E – Mudando agora de assunto, o facto de ter acabado, entretanto, a página oficial da FPC, ajuda à audiência do Blog?
 – Acho que não. Quem vem aqui não deixaria de vir se houvesse página da FPC. Poderiam coexistir perfeitamente, sem transferência de leitores. O Fórum da FPC até podia ser uma boa forma de publicidade para o Blog.
E – Era bom regressar o Fórum?
 – Em primeiro lugar, era bom regressar a Página. O Fórum seria um acessório. Acho importante haver um Fórum, desde que as pessoas percebam que cada assunto tem o seu lugar para ser tratado. O Fórum da FPC foi palco de situações que já de si eram más e que ainda foram mais avolumadas precisamente por serem despejadas por esse meio.
E – E se o Fórum voltar... vai voltar com o Avô?
 – Não sei. Antes de acabar, já me tinha retirado. Mesmo antes de pensar em fazer um Blog. Acho que depende da forma como correr. Talvez dê um período experimental antes de entrar.
E – A pergunta mais esperada por alguns é: Quem é o Avô?
 – A pergunta certa seria “Quem está por detrás do Avô?”. O Avô é quase autónomo, é quase real. Por não ser 100% real, precisa de alguém que insira as suas palavras no computador, mas tem um conjunto de características de pensamento que o tornam próprio. As suas opiniões nem sempre coincidem com as de quem bate por si nas teclas.
E – Isso é possível?
 – Tão possível como estar a ser entrevistado por alguém que é tão real como eu. Quem massacra o teclado para debitar as questões é a mesma pessoa que o agita para libertar as respostas. No entanto, as perguntas querem mesmo uma resposta e as respostas sucedem-se às perguntas. Não é um texto fluido, escrito por uma só pessoa.
E – Então e quem é essa pessoa que bate nas teclas?
 – Não faz sentido revelá-lo, apesar de já haver muita gente que o sabe.
E – É assim tanta gente?
 – Algumas pessoas. Vivemos num mundo pequenito. Mas o mais giro é a quantidade de pessoas que julga que sabe e não sabe. Para isso, conto com cúmplices, daqueles que sabem, que não confirmam nem desmentem e levam a pessoa a dizer “ah!, então já sei que és tu”, e nessa inocente ignorância vão à sua vida.
E – Isso dá-lhe gozo?
 – Sem dúvida. É giríssimo discutir o Avô com pessoas que estão perdidas quanto à sua identidade.
E – É por isso que não é revelado esse nome?
 – Também por isso, mas não só. Há várias razões. Há uma liberdade grande para escrever quando não se tem essa escrita presa a um nome. O Corfebol português tem pouca gente e não há simples comentadores. Todos temos uma identidade muito agrilhoante no que diz respeito a opinar. Somos quase todos jogadores e a maioria das pessoas que têm algo de interessante a opinar são pessoas que são ou já foram treinadores, árbitros, dirigentes e que têm um clube marcado na testa. Isso não permite que o que se escreve seja lido de forma isenta. O Avô é livre de criticar quem queira, desde que o faça com correcção. A pessoa por trás do Avô não terá concerteza essa liberdade.
E – Por último, uma provocação... Tem mesmo alguma lógica fazer-se uma entrevista em que quem escreve as perguntas é quem escreve as respostas?
 – Nenhuma, mesmo.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

sugiro que esta entrevista continue, sendo os leitores os entrevistadores. para tal, segue a minha contribuição:

não só o seu nome, como os textos que escreve, denunciam-no na sua idade corfebolística (o tempo que está ligado à modalidade). do que é que sente mais falta dos primeiros tempos do corfebol nacional?

quinta-feira, 03 março, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Boa "sugerência"!
Não tenho perguntas a fazer mas vou seguir com atençaõ resto da entrevista

quinta-feira, 03 março, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Independentemente da identidade agrilhoada que tenhamos no que diz respeito a opinar, faz falta um espaço de discussão neste pequeno mundo corfebolístico. E apesar de sermos (ou termos sido) quase todos jogadores, treinadores, árbitros ou dirigentes e termos um clube marcado na testa, existe uma nova alternativa aos defuntos fóruns:

http://corfebol.netfirms.com/cgi-bin/yabb/YaBB.plE apesar de ser o fórum de um clube, não é uma ferramenta de propaganda, e como tal é um espaço livre (dentro dos limites da decência) para que todos possam partilhar a suas ideias (umas melhores, outras piores) sobre o mundo corfebolístico.

Aguardo ansiosamente que o avô finalmente se estreie no novo fórum de discussão de corfebol do CCCD.

quinta-feira, 03 março, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Aqui lhe deixo o link.

quinta-feira, 03 março, 2005  
Blogger Avô said...

letop, és lixado!
Quer dizer que não posso ser eu a escolher as perguntas que me faço. Tá mal!
É uma ideia engraçada, obrigado.
Acho que faz falta o envolvimento que havia antigamente. Os jogadores eram quase todos Corfahólicos. Vivia-se muito para o Corfebol e faziam-se grandes sacrifícios. Hoje já nem para ir para os treinos algumas pessoas são capazes de se mexer. Há muito mais comodismo, muito mais individualismo e muito mais solicitações. Mas esse é um problema global; não é só do Corfebol.
Fazem falta as viagens sem grande compromisso competitivo. Idas a torneios e campeonatos universitários. São viagens mais democráticas (não vai só o atleta internacional ou o campeão nacional), com muito mais espaço para a diversão e para o convívio (podem-se beber umas cervejas na véspera dos jogos) e foram as fundações para o envolvimento de muita gente que ainda cá anda.
(e servem para a gente aprender o que é que quer dizer "let op", eh eh)
E falta dinheiro. (ah!, mas esse sempre faltou, é verdade)

Amigos do Carnaxide,
Já andei a passear no vosso site. Acho que está muito bom e o Fórum serve as funções dee um Fórum quase tão bem como qualquer outro. O "quase" é porque acho que um Fórum de discussão deve ser em território o mais neutro possível. O que não invalida a participação em terreno do CCCD.
O Carnaxide está a funcionar muito bem, aliando a boa evolução desportiva a uma estrutura que se mexe. Tem o site que a FPC não tem, faz as acções de formação de arbitragem que a FPC não faz e a comunidade corfebolística não tem mais que agradecer e aproveitar. Mas era bom que ambos estes exemplos tivessem reflexo num meio "comunitário".

sexta-feira, 04 março, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Quem és afinal?
Eu tenho uma hipótese. O Avô sabe muito de Corfebol, principalmente coisas antigas e sabe muito de religião. Cá para mim é professor de um colégio de freiras e presidente da federação.

quarta-feira, 16 março, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Acho muito engraçado a curiosidade que há sobre esta pessoa que considero fantástica, digam o que disserem.

É preciso ter coragem para avançar com certas ideias, mesmo que nem sempre fosse o mais correcto. É preciso ter coragem sim, para se dar o braço a torcer e admitir que por vezes também se erra.


É divertido ouvir as discussões que há sobre quem é, quem se diz ser, quem saberia ou conseguiria escrever tão bem (sim! dizem que escreve muito bem avozinho), e sobre quem teria "tempo" para escrever neste blog. Muitos atiram nomes para o ar, mas poucos acertam.

Eu divirto-me. Porque realmente a piada é não se saber quem é. E por mais que me perguntem, nunca referi um nome.

Só não acho justo andarem a brincar com as outras pessoas e fazer telefonemas idiotas e fazerem-se passar por uma pessoa que tem demasiado juizo para fazer essas coisas. E demasiada idade. :)

Só nesse dia sugeri quem eras, porque foi estritamente necessário, mas sei que percebeu.


Um bom ano (ainda não tinha desejado)

e desejo mesmo tudo de bom*

segunda-feira, 18 fevereiro, 2008  
Blogger Avô said...

Pois é, Glória,
Infelizmente houve quem usasse o meu nome para "brincar".
Foi triste, mas actos tristes ficam para pessoas tristes.
Obrigado pelas palavras... Quase 3 anos depois do post fiquei baralhado com o aviso de que havia um comentário na "Entrevista".

terça-feira, 19 fevereiro, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Os seus últimos textos, avozinho! Foram tão bons tão bons que me levaram a ler todos os textos desde o inicio deste blog. Está a ajudar-me a entender matérias que não percebia e claro matérias curiosíssimas que forçava saber mas não erão do meu ano (ou pelo menos diziam não ser). Obrigado por me fazer apaixonar mais por este mundo em que vivemos! Sim, porque agora vivo o Corfebol.
Tenho pena de não conseguir aceder aos outros fóruns antigos, o caso do da FPC e do CCCD.
Atentamente
P.S. Thanks for the prize ;)

terça-feira, 05 agosto, 2008  

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