Otite
Somos um Micro-Estado dentro do Estado. À nossa escala, temos de ter o que o Estado tem.
Não temos OPAs hostis, mas temos transferências polémicas de jogadores supostamente assediados.
Não temos escutas telefónicas, mas temos controlo e divulgação de votos electrónicos.
Não temos escolas para encerrar, mas temos clubes em risco.
Não temos o Vítor Baía mas temos o Emi74.
Não temos o Rock in Rio, mas temos o GoKorfball.
Não temos o José Hermano Saraiva, mas temos o Näas.
E também temos a nossa pequena Ota. Tão pequena que é mais uma Otite.
A tendência do povo é criticar tudo o que implique custos. Principalmente aqueles custos de tal forma elevados que não se chega lá nem com uma mão cheia de Jackpots do Euromilhões. Criou-se para esses casos a expressão “faraónico”, como se infra-estruturas de transportes pudessem ser comparáveis a túmulos com fins meramente ostentativos e místicos.
Odeio essa visão. Faz-me comichão. Não sou aquilo a que a anedota chama um “otário”, porquanto não defendo a Ota pela Ota. Não sei se a Ota será o melhor sítio ou não. Tenho alguma tendência para confiar nos técnicos, dando o devido desconto ao facto de serem condicionados pelos políticos que, por sua vez, são condicionados pelo lobbies. Os técnicos, pelo menos aqueles a quem foi dada voz, proclamam com alguma regularidade que é na Ota que se deve edificar essa obra monumental que é um novo aeroporto. Alguns são contra, mas menos, parece-me, e eu tenho tendência para confiar nos técnicos, nunca é demais referir.
O problema maior não é o sítio. É se deve ou não deve haver um novo aeroporto. E, mais uma vez, confio nos técnicos, que dizem que o actual estará esgotado a curto prazo, sem capacidade para responder às necessidades, e naqueles que dizem que os riscos de segurança são enormes quando aquelas coisas enormes que são os aviões sobrevoam a cada minuto, numa altitude assustadoramente reduzida, uma Capital densamente povoada.
Não se faça. E quando estivermos, daqui a uns anos, a olhar mais uma vez para o défice e para o estado da economia, talvez alguém diga que foi um disparate não pensar “a la longue” e ver que o investimento num novo aeroporto traria o suporte necessário (ou um deles, que não é um ponto que faz a linha) à saúde económica do País. Não se faça. E quando estivermos, numa data impossível de antever e que todos queremos que nunca exista, a contar as vítimas de uma queda de avião em plena Cidade, não vai faltar quem afirme, como se nunca tivesse dito outra coisa, que já se devia ter construído o novo aeroporto e que os milhões que isso custa não pagariam nunca a dor da destruição e da morte.
Ora a nossa otite não custa milhões. São só 500 Euros. Mas nós também não movimentamos o que o Estado-Pai movimenta. A faraónica tarefa desta Federação é mudar o seu logotipo. Um logo que é fraco, vazio, pouco trabalhável, desactualizado.
Quem é que diz isto? Envergonhado por bater sempre na mesma sequência de teclas, dir-vos-ei que são os técnicos. Não acredito que a FPC tenha encomendado estudos técnicos com a profundidade e profissionalismo que se exige, por exemplo, quando o que está em causa é um aeroporto. No entanto, diz-me a experiência e sussurra-me quem lida com estas coisas, que é frequente o logo da FPC ser criticado, devido a essas fracas características, por designers e marketeers e demais experts com pomposos títulos anglófonos.
Mas meio milhar de moedas uniêuricas só para fazer um boneco?... Então faço-o eu e até faço um desconto. Um rabisco a fingir de cesto, uma cena que finja de bola, cores da bandeira, um toque de dinamismo numa figura em movimento e já está. Paguem-me uma viagem à Holanda e dou-vos o boneco.
Pois é, mas o logotipo da FPC não pode ser só um boneco, feito às três pancadas e meia. O logotipo da FPC é o seu (e, portanto, o nosso, do Corfebol Português) cartão de visita, porta da frente, olha-nós-aqui, postigo, bandeira, primeiro olhar, estes-somos-nós, ícone remissivo, estandarte, identificação imediata, hall de entrada, sala de visitas, janela, fotografia, posto fronteiriço. É por ele que lá de fora nos vão ver em primeiro lugar. Quanto melhor for, melhor será a nossa imagem.
Portanto, um concurso com prémio é um investimento. Faz com que haja gente a esforçar-se para ganhar. Faz com que haja muita gente interessada. Do esforço, do interesse, da quantidade, nascerá, estou certo, a qualidade. Não quer dizer que, se fosse oferecida uma t-shirt e um passou-bem, não pudesse aparecer a mesma proposta que até irá ganhar os 500 euros, mas as probabilidades eram menores. E, nestas coisas, não convém jogar às probabilidades.
500 Euros é um intermédio entre aquilo que é expectável na malta do corf e aquilo que fará mexer uma empresa com contratos avultados. É o misto nascido do casamento entre as Meninas Possibilidade e Necessidade (agora já se pode, não é? Em Portugal não, mas está quase).
E sem guito à mistura, como é que se iam exigir aquelas coisas esquisitas para os leigos, como a “memória descritiva” e o “formato vectorial”? É uma questão de separar as águas e dizer, claramente, que se quer algo de profissional, que fique para o futuro.
É uma Ota, uma Otinha, uma Otite. Será sempre criticada por uns; será defendida por outros. O futuro revelará se valeu a pena ou se alma foi pequena.
Não temos OPAs hostis, mas temos transferências polémicas de jogadores supostamente assediados.
Não temos escutas telefónicas, mas temos controlo e divulgação de votos electrónicos.
Não temos escolas para encerrar, mas temos clubes em risco.
Não temos o Vítor Baía mas temos o Emi74.
Não temos o Rock in Rio, mas temos o GoKorfball.
Não temos o José Hermano Saraiva, mas temos o Näas.
E também temos a nossa pequena Ota. Tão pequena que é mais uma Otite.
A tendência do povo é criticar tudo o que implique custos. Principalmente aqueles custos de tal forma elevados que não se chega lá nem com uma mão cheia de Jackpots do Euromilhões. Criou-se para esses casos a expressão “faraónico”, como se infra-estruturas de transportes pudessem ser comparáveis a túmulos com fins meramente ostentativos e místicos.
Odeio essa visão. Faz-me comichão. Não sou aquilo a que a anedota chama um “otário”, porquanto não defendo a Ota pela Ota. Não sei se a Ota será o melhor sítio ou não. Tenho alguma tendência para confiar nos técnicos, dando o devido desconto ao facto de serem condicionados pelos políticos que, por sua vez, são condicionados pelo lobbies. Os técnicos, pelo menos aqueles a quem foi dada voz, proclamam com alguma regularidade que é na Ota que se deve edificar essa obra monumental que é um novo aeroporto. Alguns são contra, mas menos, parece-me, e eu tenho tendência para confiar nos técnicos, nunca é demais referir.
O problema maior não é o sítio. É se deve ou não deve haver um novo aeroporto. E, mais uma vez, confio nos técnicos, que dizem que o actual estará esgotado a curto prazo, sem capacidade para responder às necessidades, e naqueles que dizem que os riscos de segurança são enormes quando aquelas coisas enormes que são os aviões sobrevoam a cada minuto, numa altitude assustadoramente reduzida, uma Capital densamente povoada.
Não se faça. E quando estivermos, daqui a uns anos, a olhar mais uma vez para o défice e para o estado da economia, talvez alguém diga que foi um disparate não pensar “a la longue” e ver que o investimento num novo aeroporto traria o suporte necessário (ou um deles, que não é um ponto que faz a linha) à saúde económica do País. Não se faça. E quando estivermos, numa data impossível de antever e que todos queremos que nunca exista, a contar as vítimas de uma queda de avião em plena Cidade, não vai faltar quem afirme, como se nunca tivesse dito outra coisa, que já se devia ter construído o novo aeroporto e que os milhões que isso custa não pagariam nunca a dor da destruição e da morte.
Ora a nossa otite não custa milhões. São só 500 Euros. Mas nós também não movimentamos o que o Estado-Pai movimenta. A faraónica tarefa desta Federação é mudar o seu logotipo. Um logo que é fraco, vazio, pouco trabalhável, desactualizado.
Quem é que diz isto? Envergonhado por bater sempre na mesma sequência de teclas, dir-vos-ei que são os técnicos. Não acredito que a FPC tenha encomendado estudos técnicos com a profundidade e profissionalismo que se exige, por exemplo, quando o que está em causa é um aeroporto. No entanto, diz-me a experiência e sussurra-me quem lida com estas coisas, que é frequente o logo da FPC ser criticado, devido a essas fracas características, por designers e marketeers e demais experts com pomposos títulos anglófonos.
Mas meio milhar de moedas uniêuricas só para fazer um boneco?... Então faço-o eu e até faço um desconto. Um rabisco a fingir de cesto, uma cena que finja de bola, cores da bandeira, um toque de dinamismo numa figura em movimento e já está. Paguem-me uma viagem à Holanda e dou-vos o boneco.
Pois é, mas o logotipo da FPC não pode ser só um boneco, feito às três pancadas e meia. O logotipo da FPC é o seu (e, portanto, o nosso, do Corfebol Português) cartão de visita, porta da frente, olha-nós-aqui, postigo, bandeira, primeiro olhar, estes-somos-nós, ícone remissivo, estandarte, identificação imediata, hall de entrada, sala de visitas, janela, fotografia, posto fronteiriço. É por ele que lá de fora nos vão ver em primeiro lugar. Quanto melhor for, melhor será a nossa imagem.
Portanto, um concurso com prémio é um investimento. Faz com que haja gente a esforçar-se para ganhar. Faz com que haja muita gente interessada. Do esforço, do interesse, da quantidade, nascerá, estou certo, a qualidade. Não quer dizer que, se fosse oferecida uma t-shirt e um passou-bem, não pudesse aparecer a mesma proposta que até irá ganhar os 500 euros, mas as probabilidades eram menores. E, nestas coisas, não convém jogar às probabilidades.
500 Euros é um intermédio entre aquilo que é expectável na malta do corf e aquilo que fará mexer uma empresa com contratos avultados. É o misto nascido do casamento entre as Meninas Possibilidade e Necessidade (agora já se pode, não é? Em Portugal não, mas está quase).
E sem guito à mistura, como é que se iam exigir aquelas coisas esquisitas para os leigos, como a “memória descritiva” e o “formato vectorial”? É uma questão de separar as águas e dizer, claramente, que se quer algo de profissional, que fique para o futuro.
É uma Ota, uma Otinha, uma Otite. Será sempre criticada por uns; será defendida por outros. O futuro revelará se valeu a pena ou se alma foi pequena.
7 Comments:
Mais do que um simples logotipo, parece-me que a Federação está tentar a criar uma imagem.
Um imagem que pode partir de um logotipo e acabar em inúmeros materiais de promoção.
Já chega de amadorismo. A imagem que qualquer federação, associação ou mesmo empresa transmite é cada vez mais importante.
Deixo aqui (não o lugar mas apropriado) os meus parabéns à Federação Portuguesa de Corfebol por esta iniciativa.
1ª parte espectacular. Aquelas comparações... eheh, ó Avô, tás no teu alto.
2ª parte, não concordo. Se Portugal não tem dinheiro, não dá para pensar em aeroportos que só vão encher o bolso aos corruptos.
3ª parte, acho bem. O logo da Federação é importante e acho bem que se pague para fazer um bom trabalho.
Quantas propostas terão chegado?!
Quem vai escolher?! Os técnicos ou a Direcção ou o "povo" ?!
Li uma sugestão no forúm do Carnaxide ... de se publicar , via website, os projectos a concurso ... que penso seria interessante e transparente e democrático para ajudar os "tecnicos" a ajuizar. Seria
como que um "estudo de mercado" !
O Vítor Baía só tem uma coisa diferente do Emi, é que o Vítor Baía é bom jogador!
sinceramente nao percebi se fizeste um elogio ou uma critica..é verdade o vitor baia é bom jogador..mas ja que sabes criticar tb podias mostrar o teu valor dentro de campo,as pexoas sao mesmo cobardes, sim voces este ultimo que fez o comentário e o avô, porque nao conseguem dar a cara, preferem o anonimato, é triste existirem pessoas assim, mas voces devem ser mt felizes
Sim, esse é um problema teu e de muito mais pessoas. Não consegues ver que nem tudo é a preto e branco.
Porque é que havia de ser um elogio positivo ou uma crítica negativa?
Eu gosto de ler o Avô, saiba ou não saiba quem ele é, porque vê muitos tons de cinzento.
sinceramente nao percebo porque criticam o Emi, eu ja o vi a jogar e jogadores como ele há poucos,m que joga para a equipa, que se preocupa com a equipa, ajuda os outros mais fracos que ele e acima e que mesmo a perder sorri e sim merecia ir à selecção sub-21, mas estamos em Portugal..força emi, mesmo não me conhecendo tens a minha força..não dixendo mal do avô pois também adoro os seus pensamentos
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