Blog do Avô

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segunda-feira, janeiro 05, 2009

Guerra de Primos I - A Culpa é da Sara

Abrão, mais tarde nomeado Abraão (chamemos-lhe Abraão, que é menos sujeito a trocadilhos), estava casado com Sarai, também conhecida como Sara (chamemos-lhe Sara, que é bem mais giro). Sara era infértil e Abraão queria descendência.
Naquela altura não havia clínicas de fertilidade e os costumes eram estranhos por demais. Mesmo conjugando estas duas realidades, custa-nos a nós, modernos habitantes desta Terra que Deus pôs em seis dias, compreender a história que se segue.

Para que Abraão tivesse filhos, Sara proporcionou-lhe os favores sexuais de uma escrava egípcia chamada Asgar, ou Agar, ou Hagar (chamemos-lhe Hagar, que parece o menos mau). Dessa união extraconjugal (apesar de arranjada intraconjugalmente) nasceu Ismael.
Entretanto, Sara precisou de passar dos 90 (!) anos para verificar que afinal não era infértil, ou então que a fertilidade goza com a libido e regressa na 3ª idade para tresloucar as damas. Não encontro registo da idade do Abraão, mas o que é certo é que lá teve, finalmente, uma criança com a legítima esposa. Deram-lhe o nome de Isaque, ou Isaac (chamemos-lhe Isaac, que é mais cool).
Tricas de telenovela se seguiram, com ciumeiras dignas do horário nobre da TVI, por causa do amor que o patriarca dedicaria a cada um dos filhos e cada uma das mulheres. Acabou por ganhar a velhinha Sara, que fez com que o marido expulsasse a escrava e o ilegítimo.
Ismael procriou como um coelho e espalhou pelas Santas Terras a semente dos Ismaelitas.
Isaac teve dois filhos. Um deles, Jacó, ou Jacob, mais tarde chamado Israel (chamemos-lhe Israel, que se encaixa melhor nesta história), com umas novelescas fricções fraternas pelo meio, acabou por disseminar a tribo dos Israelitas.

Entretanto, Deus, sempre omnipresente nestas atribulações, tinha prometido uma terra fértil (talvez numa sátira à desventura de Sara) a Abraão e à sua descendência. Era ali a caminho de Mais ou Menos, perto de Onde Todos Sabemos e Ninguém tem a Certeza.
Como em qualquer caso de partilhas, abriu-se a contenda com a morte do velho. Os irmãos e respectiva descendência lutaram ferozmente, e ferozmente lutam ainda, pelo direito à Terra Prometida. Entre o filho mais velho e o filho legítimo a pancada é atroz. Os tribunais, terrenos ou divinos, tardam a achar a razão. Os primos, descendência de um mesmo avô, guerrear-se-ão até que o seu Deus comum (porque, sim, é pelo mesmo Deus que lutam) resolva desatar o nó que tanto enredilhou.