Carros e Lixo
Hoje não há carros do lixo em Lisboa. Quer dizer, há alguns, mas não sei quantos. Os sindicatos e os patrões conseguem sempre apresentar números tão díspares (o mesmo com os professores, o mesmo com os correios...) que nem vale a pena tentar saber os correctos valores de adesão.
Carros - Lixo - Lisboa... Não tem relação com a greve, mas leva-me a escrever o seguinte texto:
Faz poucas semanas que Lisboa parou por causa de 15 minutos de chuva. Parou, literalmente. Túneis inundados, lojas alagadas. Numa Capital que se diz Europeia. Valeu ser fim-de-semana.
Na mesma altura, tinha o pára-brisas dianteiro do meu carro manchado a branco com um papel publicitário de uma qualquer loja de móveis da Reboleira. Não sei de que raio de cola era feito o papel, mas demorou longos dias a sair. Nem à força da tromba do elefante azul, nem à força da chuva. Foi o tempo que acabou por fazer sair, aos poucos, o danado do panfleto.
Mais carros das imediações tinham vestígios da loja de móveis na Reboleira. O que era suposto ser um simples panfleto passou a praga na vizinhança. Não era suposto colar, digo eu, mas colou. E bem.
Mesmo que não colasse, esse papel e todos os outros que se metem nos carros são pragas.
Sou daquelas pessoas que guardam um papelinho de rebuçado no bolso até encontrar um caixote do lixo. Isto não me soa a grande qualidade – o lógico seria todos fazerem o mesmo – mas sei que até acaba por ser. Há tanta gente que deita papéis para o chão, de uma forma revoltantemente indiferente, que acaba por ser meritório fazer algo que o bom senso consideraria banal. O bom senso ou a civilidade que se verifica noutras zonas do Globo.
Portanto, sou também daqueles que, sempre que apanham um papel do limpa pára-brisas – ou da porta, como agora é hábito fazer-se – do carro, o guardam e esperam por uma oportunidade para o deitarem fora. Mas não somos muitos, ao que parece.
Daí a praga. A culpa é de quem atira o papel para o chão, mas não deixa de ser para quem o meteu no carro.
Até porque, às vezes, por exemplo com chuva, o papel fica de tal forma que não apetece muito guardá-lo. E há aquelas vezes em que não nos lembramos de o apanhar e acaba por voar a meio do trajecto.
Enfim, nada disso aconteceria se não o tivessem lá posto.
E para onde é que vão os milhares de panfletos que são amachucados e mandados ao chão?
O vento e a água levam-nos por aí, conspurcando os caminhos, e acabam por morrer nas sarjetas, onde formam um bolo compacto. É esse bolo que impede o escoamento de chuvadas de 15 minutos.
E um quarto de hora de dilúvio pára Lisboa.
Sim, o pessoal das Câmaras também tem culpa, por não limpar as sarjetas antes das chuvadas. Sim, é o típico “depois da casa roubada, trancas à porta”.
Mas o comum cidadão tem uma responsabilidade de que não se pode safar tão facilmente no dia do Dilúvio Final.
Os panfletos nos carros são só um exemplo, a que decidi dar mais destaque por estar ainda revoltada com a alva mancha que a loja de móveis da Reboleira me deixou no carro.
Mas há mais…
Maços de cigarros que voam pelos vidros dos carros fora. Pessoas que andam com o maço no bolso enquanto tem cigarros, não conseguem guardá-lo mais um bocadinho até chegarem ao seu destino, onde decerto haverá uma cesta de papéis?
Terão consciência do tempo que a voraz Natureza demora a fazer desaparecer aquele misto de papel, prata e plástico?
E os cigarros propriamente ditos?
Paragens de autocarro, apesar de todas terem uma papeleira dotada com aquela engenhosa chapinha para apagar cigarros, estão atapetadas por cigarros mais ou menos consumido, dependendo do tempo que a carreira demorou a chegar.
E os condutores vão deitando o cigarrinho pelo vidro porque ficar lá dentro deixa mau cheiro. Fumar não deixa cheiro, mas usar o cinzeiro sim, que nojo, nem pensar!
E alguns que até usam o cinzeiro, despejam-no de encontro ao lancil, fazendo poças de beatas junto aos passeios.
O vento e as águas as levarão. Para a sarjeta. Para entupirem o escoamento das chuvadas. Para provocarem de novo que a Capital se imobilize aos próximos quinze minutos de aguaceiros.
Gente estúpida!
Na mesma altura, tinha o pára-brisas dianteiro do meu carro manchado a branco com um papel publicitário de uma qualquer loja de móveis da Reboleira. Não sei de que raio de cola era feito o papel, mas demorou longos dias a sair. Nem à força da tromba do elefante azul, nem à força da chuva. Foi o tempo que acabou por fazer sair, aos poucos, o danado do panfleto.
Mais carros das imediações tinham vestígios da loja de móveis na Reboleira. O que era suposto ser um simples panfleto passou a praga na vizinhança. Não era suposto colar, digo eu, mas colou. E bem.
Mesmo que não colasse, esse papel e todos os outros que se metem nos carros são pragas.
Sou daquelas pessoas que guardam um papelinho de rebuçado no bolso até encontrar um caixote do lixo. Isto não me soa a grande qualidade – o lógico seria todos fazerem o mesmo – mas sei que até acaba por ser. Há tanta gente que deita papéis para o chão, de uma forma revoltantemente indiferente, que acaba por ser meritório fazer algo que o bom senso consideraria banal. O bom senso ou a civilidade que se verifica noutras zonas do Globo.
Portanto, sou também daqueles que, sempre que apanham um papel do limpa pára-brisas – ou da porta, como agora é hábito fazer-se – do carro, o guardam e esperam por uma oportunidade para o deitarem fora. Mas não somos muitos, ao que parece.
Daí a praga. A culpa é de quem atira o papel para o chão, mas não deixa de ser para quem o meteu no carro.
Até porque, às vezes, por exemplo com chuva, o papel fica de tal forma que não apetece muito guardá-lo. E há aquelas vezes em que não nos lembramos de o apanhar e acaba por voar a meio do trajecto.
Enfim, nada disso aconteceria se não o tivessem lá posto.
E para onde é que vão os milhares de panfletos que são amachucados e mandados ao chão?
O vento e a água levam-nos por aí, conspurcando os caminhos, e acabam por morrer nas sarjetas, onde formam um bolo compacto. É esse bolo que impede o escoamento de chuvadas de 15 minutos.
E um quarto de hora de dilúvio pára Lisboa.
Sim, o pessoal das Câmaras também tem culpa, por não limpar as sarjetas antes das chuvadas. Sim, é o típico “depois da casa roubada, trancas à porta”.
Mas o comum cidadão tem uma responsabilidade de que não se pode safar tão facilmente no dia do Dilúvio Final.
Os panfletos nos carros são só um exemplo, a que decidi dar mais destaque por estar ainda revoltada com a alva mancha que a loja de móveis da Reboleira me deixou no carro.
Mas há mais…
Maços de cigarros que voam pelos vidros dos carros fora. Pessoas que andam com o maço no bolso enquanto tem cigarros, não conseguem guardá-lo mais um bocadinho até chegarem ao seu destino, onde decerto haverá uma cesta de papéis?
Terão consciência do tempo que a voraz Natureza demora a fazer desaparecer aquele misto de papel, prata e plástico?
E os cigarros propriamente ditos?
Paragens de autocarro, apesar de todas terem uma papeleira dotada com aquela engenhosa chapinha para apagar cigarros, estão atapetadas por cigarros mais ou menos consumido, dependendo do tempo que a carreira demorou a chegar.
E os condutores vão deitando o cigarrinho pelo vidro porque ficar lá dentro deixa mau cheiro. Fumar não deixa cheiro, mas usar o cinzeiro sim, que nojo, nem pensar!
E alguns que até usam o cinzeiro, despejam-no de encontro ao lancil, fazendo poças de beatas junto aos passeios.
O vento e as águas as levarão. Para a sarjeta. Para entupirem o escoamento das chuvadas. Para provocarem de novo que a Capital se imobilize aos próximos quinze minutos de aguaceiros.
Gente estúpida!
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