Dia C e seu Prolongamento
Ali enfiado na Tapada, sede dos que andam a aprender a cuidar das hortas do País, há um forno, uma sauna, onde as corfelinas e os corfelinos se juntaram para celebrar o Dia C.
Jogaram meninos, rotulados por uma forçada distinção Norte / Sul. Festa só é Festa com meninos (que este texto não caia erroneamente no crivo da PJ ou no goto do Padre Frederico e de alguns casapianos – acho que dá para perceber a ideia pelo lado mais inocente da mesma).
Sem distinção aparente, jogaram os mais velhinhos. Mais barriga menos barriga, mais ruga menos cabelo branco, afastados há mais anos ou menos anos, lá estiveram a pulular os chamados veteranos. Em Portugal, onde o Corfebol existe há duas dezenas mal contadas de anos, falar em veteranos é condescendente. “Nascidos até 1975”, afirmava o livrinho que nos botaram nas mãos. Cúmulo da condescendência! Os nascidos em 75 nem avôs podem ser, quase (biologicamente até podiam, mas era preciso encurtar a ordem natural das coisas até ao limite). Mas enfim, conta o que se quis fazer, que foi muito positivo, e o que se fez, que também o foi, porquanto vimos pessoas que já não víamos há muito tempo e – melhor dos melhores! – vimo-los a fazer algo de que já tínhamos todos saudades, uns de os ver e eles de executar.
Lentamente, que o bafo não permitia mais, jogaram as equipas que parece terem comprado o bilhete cativo para as Finais da Taça. Venceu a da Ramada nas bancadas, venceu a rubrinegra no campo.
E as t-shirts, aos poucos, no pavilhão ou em casa de cada qual, algumas nos carros, foram dando lugar a gravatas, a vestidos de festa, a trajes de gala, que ela vinha aí, ali ao lado, à beira Tejo.
A olhar o Tejo, entre o cherne e o presunto, o leitão e as saladas, o salmão e o javali, a loirinha e o tintol, a encharcada e as tartes, a sericaia e as frutas, umas 130 pessoas celebraram o Corfebol.
130 pessoas numa modalidade com 413 (número tirado do forum do CCCD), dos quais talvez nem metade seja sénior, é muito bom. Superou as minhas expectativas mais optimistas. Ainda por cima numa primeira vez (que, como todos sabem, é sempre a mais difícil). Mais comovido, só mesmo se visse o pessoal, de livre e expontânea vontade, a misturar-se nas mesas. Para o ano podiam-se fazer mesas mistas, com todos os clubes representados (ná!... era pedir demais).
Prémios. Muitos. Como a gente gosta. Uns mais importantes que outros.
Ausências. Algumas. Mas presenças ainda mais. E as segundas mais importantes que as primeiras, porque diz o povo e com a razão quase toda que só faz falta quem cá está, e nunca um contrasenso foi tão pertinente.
Uma presença que saliento. Sem ter ganho prémios (podia ter sido nomeado para os treinadores, mas ficou na extensa fila), sem ter cargos na Federação, subiu ao palco o regressado Jorge Calado. Gostei e lembrei-me de algo que escreveu este que vos escreve em tempos idos. Qualquer coisa sobre o juntar à mesma mesa os Super-Piratas e os Kees-Pupils. E também o que foi escrito há dias sobre a Gala e a sua capacidade para, por uns instantes, sermos todos um só com o nome de Corfebol. Aplaudo.
Duas medalhas ao pescoço, Supertaça numa mão, Placa de campeão na outra, Taça de Portugal já guardada, prémio de melhor treinador ainda por chegar, mister Ferro imitou Mourinho e disse o óbvio – que treinou a melhor equipa nacional este ano. Não com a arrogância do futuro comendador, mas com o pragmatismo que a um campeão em todas as frentes é permitido e até exigido. Faltou, digo eu, um prémio especial da Direcção ao NCB, pelo 3º lugar na Europa Cup. Mas isso seria monopolizar a cerimónia e não estamos nos Óscares™.
Não faltou o levantamento do véu da polémica, o aspergir do cheiro a injustiça, o que dá sempre um toque apetecível a estas coisas. Ainda por cima sendo o véu levantado e o aroma aspergido pelo próprio injustiçado. Com o LAC em grande, o seu co-mentor e treinador referiu-se à sua ausência entre os 5 primeiros (em rigor, não estamos a falar de nomeados, mas sim dos 5 primeiros). Justa ou injusta, a ausência foi compensada pelo apoio concedido por aqueles que, eventualmente, mais saberão do caso – os pupilos. E se esses, que sentem na pele os méritos do comandante, lhe dedicam ruidosamente o seu apoio, então significará que sim, que merece referência, sem prejuízo para o apoio que acredito seria concedido com igual veneração por todos os pupilos de todos os treinadores que foram ou não foram premiados.
Tiago e Xana coroados Rei e Rainha do Baile (faltou um Baile; devia-se ter terminado a Gala com um Baile de Gala, à moda antiga, com Valsas e Polcas). Alves entronado Imperador do apito (ouviu-se um aaaahhhhhh!!... de surpresa quando este prémio foi revelado. Ninguém estava à espera!).
Os sorrisos dominavam as caras no final da Gala. O ambiente foi formidável. Deram-me um papelinho onde tive de riscar muitas opções e aquela em que pensei menos foi a que dizia “Para o ano, a Gala deveria continuar”. Alguém tem dúvidas?
Mas o Dia C teve prolongamento no dia seguinte. Mais um Torneio de fim de época, este exageradamente colado ao final da época. Mais um, pensava eu...
Mas não foi mais um. O ambiente de Sábado pairou no ar e estendeu-se até Domingo.
As bancadas estavam verdadeiramente cheias, talvez por os jogos serem curtos e não dar para sair. Os sorrisos ainda andavam pelas caras. Prémio Fair-Play? Para todos.
Até deu para ver em acção um veterano (um verdadeiro; não era daqueles de 1975) que não tinha podido jogar no dia anterior e que mostrou aos mais jovens porque é que foi o mais espectacular jogador português de Corfebol de todos os tempos.
Prémios a rodos. Valha-nos isto de ser ano de eleições e de haver um desertor a ameaçar a hegemonia do poder instituído. Alegria. Convívio interclubístico. O prolongamento do Dia C.
Só houve uma coisa que destoou em relação a Sábado. É que, desta vez, “Alguém parou o Benfica, Alguém parou o Benfica, Alguém parou o Benfica, ôôôêêê”.
Como dizia o outro, “Foi bonita a festa, pá!”.
Jogaram meninos, rotulados por uma forçada distinção Norte / Sul. Festa só é Festa com meninos (que este texto não caia erroneamente no crivo da PJ ou no goto do Padre Frederico e de alguns casapianos – acho que dá para perceber a ideia pelo lado mais inocente da mesma).
Sem distinção aparente, jogaram os mais velhinhos. Mais barriga menos barriga, mais ruga menos cabelo branco, afastados há mais anos ou menos anos, lá estiveram a pulular os chamados veteranos. Em Portugal, onde o Corfebol existe há duas dezenas mal contadas de anos, falar em veteranos é condescendente. “Nascidos até 1975”, afirmava o livrinho que nos botaram nas mãos. Cúmulo da condescendência! Os nascidos em 75 nem avôs podem ser, quase (biologicamente até podiam, mas era preciso encurtar a ordem natural das coisas até ao limite). Mas enfim, conta o que se quis fazer, que foi muito positivo, e o que se fez, que também o foi, porquanto vimos pessoas que já não víamos há muito tempo e – melhor dos melhores! – vimo-los a fazer algo de que já tínhamos todos saudades, uns de os ver e eles de executar.
Lentamente, que o bafo não permitia mais, jogaram as equipas que parece terem comprado o bilhete cativo para as Finais da Taça. Venceu a da Ramada nas bancadas, venceu a rubrinegra no campo.
E as t-shirts, aos poucos, no pavilhão ou em casa de cada qual, algumas nos carros, foram dando lugar a gravatas, a vestidos de festa, a trajes de gala, que ela vinha aí, ali ao lado, à beira Tejo.
A olhar o Tejo, entre o cherne e o presunto, o leitão e as saladas, o salmão e o javali, a loirinha e o tintol, a encharcada e as tartes, a sericaia e as frutas, umas 130 pessoas celebraram o Corfebol.
130 pessoas numa modalidade com 413 (número tirado do forum do CCCD), dos quais talvez nem metade seja sénior, é muito bom. Superou as minhas expectativas mais optimistas. Ainda por cima numa primeira vez (que, como todos sabem, é sempre a mais difícil). Mais comovido, só mesmo se visse o pessoal, de livre e expontânea vontade, a misturar-se nas mesas. Para o ano podiam-se fazer mesas mistas, com todos os clubes representados (ná!... era pedir demais).
Prémios. Muitos. Como a gente gosta. Uns mais importantes que outros.
Ausências. Algumas. Mas presenças ainda mais. E as segundas mais importantes que as primeiras, porque diz o povo e com a razão quase toda que só faz falta quem cá está, e nunca um contrasenso foi tão pertinente.
Uma presença que saliento. Sem ter ganho prémios (podia ter sido nomeado para os treinadores, mas ficou na extensa fila), sem ter cargos na Federação, subiu ao palco o regressado Jorge Calado. Gostei e lembrei-me de algo que escreveu este que vos escreve em tempos idos. Qualquer coisa sobre o juntar à mesma mesa os Super-Piratas e os Kees-Pupils. E também o que foi escrito há dias sobre a Gala e a sua capacidade para, por uns instantes, sermos todos um só com o nome de Corfebol. Aplaudo.
Duas medalhas ao pescoço, Supertaça numa mão, Placa de campeão na outra, Taça de Portugal já guardada, prémio de melhor treinador ainda por chegar, mister Ferro imitou Mourinho e disse o óbvio – que treinou a melhor equipa nacional este ano. Não com a arrogância do futuro comendador, mas com o pragmatismo que a um campeão em todas as frentes é permitido e até exigido. Faltou, digo eu, um prémio especial da Direcção ao NCB, pelo 3º lugar na Europa Cup. Mas isso seria monopolizar a cerimónia e não estamos nos Óscares™.
Não faltou o levantamento do véu da polémica, o aspergir do cheiro a injustiça, o que dá sempre um toque apetecível a estas coisas. Ainda por cima sendo o véu levantado e o aroma aspergido pelo próprio injustiçado. Com o LAC em grande, o seu co-mentor e treinador referiu-se à sua ausência entre os 5 primeiros (em rigor, não estamos a falar de nomeados, mas sim dos 5 primeiros). Justa ou injusta, a ausência foi compensada pelo apoio concedido por aqueles que, eventualmente, mais saberão do caso – os pupilos. E se esses, que sentem na pele os méritos do comandante, lhe dedicam ruidosamente o seu apoio, então significará que sim, que merece referência, sem prejuízo para o apoio que acredito seria concedido com igual veneração por todos os pupilos de todos os treinadores que foram ou não foram premiados.
Tiago e Xana coroados Rei e Rainha do Baile (faltou um Baile; devia-se ter terminado a Gala com um Baile de Gala, à moda antiga, com Valsas e Polcas). Alves entronado Imperador do apito (ouviu-se um aaaahhhhhh!!... de surpresa quando este prémio foi revelado. Ninguém estava à espera!).
Os sorrisos dominavam as caras no final da Gala. O ambiente foi formidável. Deram-me um papelinho onde tive de riscar muitas opções e aquela em que pensei menos foi a que dizia “Para o ano, a Gala deveria continuar”. Alguém tem dúvidas?
Mas o Dia C teve prolongamento no dia seguinte. Mais um Torneio de fim de época, este exageradamente colado ao final da época. Mais um, pensava eu...
Mas não foi mais um. O ambiente de Sábado pairou no ar e estendeu-se até Domingo.
As bancadas estavam verdadeiramente cheias, talvez por os jogos serem curtos e não dar para sair. Os sorrisos ainda andavam pelas caras. Prémio Fair-Play? Para todos.
Até deu para ver em acção um veterano (um verdadeiro; não era daqueles de 1975) que não tinha podido jogar no dia anterior e que mostrou aos mais jovens porque é que foi o mais espectacular jogador português de Corfebol de todos os tempos.
Prémios a rodos. Valha-nos isto de ser ano de eleições e de haver um desertor a ameaçar a hegemonia do poder instituído. Alegria. Convívio interclubístico. O prolongamento do Dia C.
Só houve uma coisa que destoou em relação a Sábado. É que, desta vez, “Alguém parou o Benfica, Alguém parou o Benfica, Alguém parou o Benfica, ôôôêêê”.
Como dizia o outro, “Foi bonita a festa, pá!”.
2 Comments:
Foram lindas as festas, meus!
O corf tá de parabéns e quem organizou também.
Falando dos outros prémios atribuidos: alguém estranhou aquele atribuido ao LAC, ou fui só eu???
Foram premiados pq mm?
Pq criaram uma equipa nova? e fizeram uma equipa de miudos?
Boa! E que tal olhar para as outras equipas? O Sassoeiros segundo ouvi dizer foi lhes transmitido pela direccção do clube que não podiam continuar a treinar e jogar como Sassoeiros. O que fizeram eles (Alves, Rui e outros) desenrascaram-se, mas nao deixaram o corfebol acabar - criaram uma nova equipa...Se isto não é muito mais valioso do que ir buscar pessoas a várias equipas para formar uma nova...
e mais do que isso constituiram uma equipa de miudos que ficou em 1º Lugar dos Sub13, e que é a mesma que ficou em 2º nos sub16...E o LAC a este nível o que fez?
Infelizmente parece-me que se continua "as usual..." e que no minimo a FPCorfebol deveria ter premiado as 2 equipas... Agora o que é facto é que se tem de agradecer ao Carcavelos e às pessoas que não deixaram o Corfebol acabar além de terem iniciado uma série de miudos na modalidade.
Anonimo
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