Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Esta data...

Faz hoje um ano que o Corfebol ascendeu ao top 10 da modalidades mais praticadas na Europa.
Faz hoje dois anos que o Corfebol ascendeu ao top 50 das modalidades mais praticadas em todo o Mundo.
Faz hoje três anos que o Corfebol ascendeu a primeira modalidade praticada na Holanda.
E, se num dia vieram, no mesmo se foram as marcas históricas. Só existiram nesses dias e, por nesses serem, apenas no mais efémero da imaginação perduram.
29 de Fevereiro é quase um 1º de Abril... é mentira, três em cada quatro anos.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Cancelas no Topo da Montanha

Há temas complicados no Corfebol. Ainda bem. Se a Vida fosse simples, não tinha um terço da piada.
Há temas que estão cheios de retorcidas voltas e intrincados nós. Nó de empatadura para cá, cais de guia para lá, nó de escota para além, opinião com siso hoje, volte-face amanhã, talvez-sim-talvez-não quase sempre.
Há um tema em que isso, para mim, é particularmente acertado. Talvez porque em tempos há muito idos tinha uma opinião, que considerava inabalável; e depois passei a ver as coisas por outro prisma e a aceitar a opinião contrária; e mais tarde vejo-me balanceando entre o rol de prós e a lista de contras.
1ª Divisão só com primeiras equipas? Só com primeiras e segundas? Sem restrições?

Há anos que isto é motivo de debate. A evolução deu-se, primeiro, com a passagem de um modelo livre para um outro em que as terceiras equipas não podiam jogar na Divisão principal, mesmo que fossem claramente superiores a algumas que por lá andavam. O segundo passo foi deixar que só as A jogassem entre si, mesmo que algumas B pudessem ser claramente superiores a algumas destas.
Curiosamente, começo por ver a mente dividida precisamente olhando para estas duas etapas à luz do critério principal de objecção - o valor das equipas que não podem passar da 2ª Divisão.

É que, por acaso, penso que a primeira revolução foi mais sustentada do que a segunda, mas acho que a segunda implicou uma menor injustiça competitiva que a primeira.
Isto porque, lá pelos anos 90, havia os grandes colossos, que apresentavam números fantásticos que chegavam a 7 equipas em competição. Dessas, era natural que a 3ª fosse superior às primeiras dos clubes emergentes. Portanto, reduzir a duas equipas por clube na 1ª Divisão podia ser frustrante para os técnicos e atletas dessas equipas, que existiam no ISEF ou na Secundária de Odivelas.
No entanto, a grande vantagem era a sustentabilidade. Havia clubes em número suficiente para que houvesse luta pelos lugares no primeiro escalão. Até porque eram duas equipas de cada que podiam entrar nessa luta.

A segunda etapa deste processo não mostrou o mesmo fosso entre as últimas equipas da 2ª Divisão e as melhores da 1ª. Pode-se dizer que, ao contrário do primeiro caso, as equipas presentes na 1ª Divisão podiam perfeitamente lá estar sem escândalo (utilizando uma palavra que, no âmbito do “comentarismo” desportivo fica sempre atenuada). Se as tais “C” que ficaram de fora em tempos idos eram claramente superiores a outras que lhes passaram à frente, as mais fracas “A” actuais são equiparadas às melhores “B”.
Mas deu-se o problema da sustentabilidade. O factor que abala esta medida é a falta de concorrentes aos lugares disponíveis. Não há clubes suficientes para que um número lógico de equipas “A” lute pela 1ª Divisão.
Apesar de, no projecto inicial, terem sido incluídas cláusulas regulamentares que impõem uma classificação meritória na 2ª Divisão para a subida à 1ª, o que é certo é que não há uma luta pela subida.

A regra geral é contrária à prática tradicional do Corfebol português. Habituámo-nos a esta coisa de ter várias equipas do mesmo clube na mesma competição, mas isso praticamente não existe noutros países nem noutras modalidades.
Se olharmos para as outras modalidades colectivas em Portugal, o que vemos é que a regra é haver uma única equipa por escalão. Se um atleta não tem valor para jogar a titular nessa equipa, o melhor que tem a fazer é ir para um clube mais fraco.
Mesmo quando há equipas “B”, o comum é que nunca possam disputar a mesma divisão. Servem como equipa de reservas, para formar atletas com o objectivo de, a qualquer momento, subirem à equipa principal.

O Corfebol é diferente. Um grande número de equipas por clube facilita o trabalho organizativo, implicando uma única estrutura para várias equipas. Aceitá-las em competição é garantir números. Números de atletas, números de equipas… só falhando algo que se tem revelado essencial, que são os números de clubes.
As medidas tomadas visaram, entre outras, essa questão. Reduzir o número de equipas por clube na 1ª Divisão é um incentivo a que surjam novos clubes, que cresçam os clubes emergentes e que se atenue a tendência para clubes sobredimensionados e hegemónicos.
Em vez das 7 equipas do ISEF ou das 6 do NCESO, ou das 5 do Sassoeiros, abriu-se espaço para o crescimento do Carnaxide ou do Porto, para o aparecimento do NCB ou do Liberdade, para um último fôlego da Batalha.

E Batalha rima com falha. O fôlego, que se esperava decisivo para uma nova vida, acabou por ser o canto do cisne. Houve, sem dúvida, um novo empenho, uma nova motivação, mas esvaiu-se rapidamente, mostrando de novo as fragilidades que há anos que se anunciavam, e perdeu-se a batalha (com ou sem maiúscula, dependendo do sentido que quiserem adoptar).
Aliás, parece que há uma tendência contrária às intenções no que diz respeito aos clubes a Norte. Parece-me mera coincidência mas, entre 1995 e 1996 (pouco depois da primeira restrição) desapareceram o Sangalhos, a ESE de Viana, a ESE do Porto e o FCDEF.

De qualquer forma, tentando resumir, os princípios apresentam-se como bem intencionados e correctos. No entanto, para que as coisas funcionem verdadeiramente, é importante que haja mais LAC’s a aparecer, que haja mais Doroteias a regressar (mesmo que com nomes alterados), que haja SLB’s a entrar no jogo.
Parece-me evidente que mais vale ter muitos clubes “monoequipa” do que poucos clubes “multiequipa”. Mas, seja feita justiça a quem reclama - quase sempre olhando para a sua “B” – e veja-se isto como a pescadinha de rabo na boca: Este incentivo a que haja mais clubes pressupõe a existência de mais clubes.
E agora desate-se o nó, que eu não consigo.