Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

domingo, maio 29, 2005

A Gala - Uma peça à espera de Actos

Introdução
Se uns dizem vermelho, outros dizem azul;
Se uns vão para Norte, outros vão para Sul;
Se uns dizem sim, outros dizem não;
Mas atenção, que todos podemos ter razão. Há momentos em que se faz Luz e depois regressamos todos à escuridão.

Agradecimento pela Introdução
Agradeço ao Optimista Céptico (que não é bem igual ao Céptico Optimístico) pelo empréstimo das palavras.

Desenvolvimento
Durante um ano inteiro discute-se, defronta-se, poucos são os que se entendem com muitos e muitos são os que só se entendem com poucos. Hostiliza-se, incompatibiliza-se, pouco sobra do muito que se diz e pouco se diz do tanto que ainda sobra.
Mas atenção, que todos temos a mesma razão. A razão de cá estarmos. É a mesma. Não duvidem.
Há momentos em que a Luz poderá circundar-nos e, qual Paz Olímpica, qual momento KitKatiano, poderemos viver em Paz durante uns instantes.
E depois regressaremos todos juntos à escuridão.

Explicação
Muito se diz no meio de climas hostis e pouco se retira das discussões. Muita coisa boa sobra da competição e pouco se explora esse Maná de coisas boas.
Mas todos temos a mesma razão para cá andarmos. Chama-se Corfebol.
Venha a Gala. Estejam representados todos. Todos. Os que dizem vermelho e os que dizem azul. Os que vão para Norte e os que vão para Sul. Faça-se Paz. Unam-se as vontades.
Acabe-se a Gala. Comece a nova época. Volte a escuridão. Volte a crise da falta de recursos para fazer mais e melhor. Volte a competitividade. Virem-se de novo as costas. Critiquem-se de novo as opções daqueles que assumiram o que não tivemos a coragem de assumir. Persiga-se de novo a vitória a qualquer custo. Volte a frustração de não conseguir fazer mais e melhor. Bata-se nas costas que se viraram. Cuspa-se nas costas que se viraram. Volte a escuridão. Voltemos para a escuridão. Embrenhemo-nos de novo na escuridão.

...Mas que o façamos com a breve e agradável memória de termos tido um Dia a que pudemos orgulhosamente chamar Dia do Corfebol Português.

Talvez nos vejamos no Sábado, dia 4.

segunda-feira, maio 16, 2005

O Regresso do Figo Pródigo

O mais proclamado luso-chutante da bola da actualidade abdicou do seu direito de vestir com quina a tapar o coração. Abdicar do direito é uma expressão condescendente, penso eu. Mais acertado seria dizer que recusou a responsabilidade de o fazer. Ou, mais acertivo, que desprezou a obrigação.
Mas agora, tudo indica que voltou atrás.
Alguém que pratique um desporto a nível federado tem de estar disponível para representar a Selecção do seu País. Não sei se isto está previsto regulamentarmente nas várias modalidades e nos vários países, mas devia estar. Sei que, após as Guerras Sassoeirinas do Corfebol Português, havia um provocador lembrete em plena ficha de inscrição de atletas a dizer que quando um tipo entregava aquela ficha estava automaticamente obrigado a ir à Selecção quando chamado a isso. Salvo os óbvios exageros de forma, o princípio era óbvio.
E mesmo que não haja suporte escrito, devia haver pressão moral. Principalmente nos casos profissionais. Então um gajo serve-se do Desporto para ganhar dinheiro, serviu-se da Selecção para se promover, mas agora que a fama é bastante, fica-se só pelo clube, que é donde vem o pilim?
Enquanto se joga, é-se seleccionável. Se se deixa arrastar a carreira até se ser velhinho, então caberá ao seleccionador decidir quando é que deixa de contar com o jogador. Nunca ao próprio!
O que é válido para Luís Figo, é válido para Pedro Barbosa, Vítor Machado, João Vieira Pinto, Tiago Santos e todos os demais. Opino Eu de que.

terça-feira, maio 10, 2005

A Heroína da Semana

Jennie (leia-se “Iéni”) Ögren (leia-se uma coisa qualquer em sueco que, a avaliar pela beleza da petiza e da irmã Maria nada tem a ver com Ogres) tem 14 anitos recém feitos.
Lançada às feras (leia-se Campeonato Nacional Sénior da 2ª Divisão) caiu num jogo de Play-Off muito disputado. Tão disputado que só acabou quando os caprichos do Golo de Ouro foram satisfeitos.
Jennie aventurou-se por entre colegas e adversários com idades a rondar o dobro da sua e fez a mais triunfal entrada na passada da sua curta carreira desportiva. Golo a pesar Ouro!
Em fim de semana de título, perdoem-me os rubrinegros da José Gomes Ferreira, mas a Heroína da Semana chama-se Jennie Ögren.

segunda-feira, maio 09, 2005

Campeão

O ponto alto da época foi no passado Sábado. Jogou-se o último jogo do Play-Off que definiu o Campeão Nacional. Não tinha de ser o último, mas foi. Era mais ou menos esperado que fosse o último, mas pouca gente compareceu.
O pavilhão não tem condições. Ou então estava toda a gente com muita confiança no CCO e a festa estava prevista para o 4º ou 5º jogos. Ou então tinha tudo mais que fazer.
Bom, mas o que interessa é o que fica na fichinha, assinada pelos capitães e pelo árbitro. E o que conta é que o NCB foi, mais uma vez, Campeão Nacional. Parabéns!
Desde muito cedo na época que a vitória do NCB era vista como mais que provável. Foi a equipa com melhor jogo desde o início. No total, só perdeu uma vez (com o Carnaxide) e empatou outra (com o CCO). Na Fase Regular, por cada cesto sofrido, marcou quase dois (1,95). Está na Final da Taça. Teve uma prestação brilhante na Europa Cup.
Surpresa terá sido a réplica que o CCO deu. O Play-Off ficou 3-0, mas isso parece-me injusto. O primeiro jogo foi a Golo de Ouro, o segundo foi mais desnivelado, o terceiro ficou por 1. Seria um prémio justo ir-se a 4º ou 5º jogo.
Dois dinossauros gigantes do Corfebol português orientaram as equipas das Finais. Alguns dos melhores jogadores nacionais estiveram no campo. O melhor árbitro português apitou dois dos três jogos. Houve correcção. Tirando as normais picardias entre atletas nos momentos mais acessos dos jogos, e tirando atitudes mais feias face a uma primeira arbitragem sem preparação para o nível exigido numa final, houve fair-play.
Amigos jogaram Corfebol. Foram competitivos sem deixar de ser amigos. Amigos assistiram. Foram críticos e apoiantes, sem deixar de ser amigos dos que criticaram e apoiaram para o lado inverso. Isto é Desporto. Isto é o Corfebol que se quer.

terça-feira, maio 03, 2005

Tom Sawyer

Toda a gente conhece o Tom. Toda a gente sabe que ele anda sempre descalço, junto ao rio a passear. O que muita gente não sabe é que ele joga Corfebol no Mississipi Korfball Club. E é daqueles carolas que fazem de tudo um pouco.
Ora, estava ele na Direcção do Clube quando se depararam com um problema complicado de resolver. O Clube não tinha árbitros suficientes para inscrever e a Federação obrigava a ter um por equipa.
Voluntarioso, o Tom lá acedeu a dar o nome e apitar uns joguitos. Mas eram precisos mais. Tentaram isentar os árbitros de quotas, mas nada. Ofereciam equipamento, mas nada. Como resolver a situação?
Esperto, com a criatividade amadurecida em mil e uma aventuras, Tom inverteu a estratégia. Passou a cobrar uma taxa de arbitragem. Quem quisesse ser árbitro tinha de pagar!
E adoptou, enquanto único árbitro do Clube, uma atitude marcante. Ia sempre apitar com um baita sorriso nos lábios. Quando lhe marcavam um jogo como jogador, dizia logo “espera aí, deixa-me ver se tenho algum jogo para apitar”. Quando lhe telefonavam para apitar algum jogo, largava um sonoro “Yes!” e ia logo mostrar aos colegas qual era o seu jogo dessa semana. Quando tinha de apitar dois, agia como se lhe tivesse saído a Lotaria do Natal. Enquanto os colegas descreviam os cestos que tinham marcado no último jogo, Tom contava com entusiasmo o jogo que tinha apitado.
Em poucas semanas, o Clube tinha árbitros mais do que suficientes, ao mesmo tempo que amealhava uma boa quantia com as taxas de arbitragem. Quando alguém de outro clube perguntou a Tom como é que tinha conseguido, ele encolheu os ombros e respondeu satisfeito:
“Foi tão fácil como pintar uma cerca!”