Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Doces Doze Passas


Os fritos natalícios nem à lei da Água das Pedras se dissolveram. Os dias que sucedem o Natal são os dias em que essa borbulhosa água mais jorra na goela deste fulano que aqui vemos, às 4 ou 5 da manhã, a remexer-se nos lençóis.
Sorte o azar de ainda dormir sozinho; sorte o azar de ainda estar desempregado. Azares, sim, mas aqui sortes, pois que mais ninguém incomoda e que amanhã pode levantar-se com os noticiários da uma.
Sonha os turvos mas incisivos sonhos de quem tem o estômago carregado dos excessos. Sonha que milhares de Pais Natal Trepadores sobem à sua janela e o atacam sem piedade cantando “Você abusou... Comeu demais ao almoço, abusou... Comeu demais ao jantar, abusou...”.
Está lá e cá ao mesmo tempo; está consciente do que sonha, mas não está acordado; sabe que se sente mal, mas não sabe se é só no sonho ou é real o sentimento. Faz um esforço por dormir. Não consegue. Faz um esforço por acordar. Acaba por conseguir.
Levanta-se, os pés frios na tijoleira gelada – porque é que ainda não comprei um tapete?! – tacteiam à procura das pantufas com um porquinho rechonchudo que recebeu no sapatinho. Aos tombos, quase sonambulamente, chega à casa de banho.
Olha-se ao espelho e vê o farrapo de quem tão a desgosto se teve de levantar do quente leito. Olha-se por alguns segundos; não se apercebe de quantos. Olha para si; não se apercebe se por dentro ou por fora. Lembra-se que é quase Ano Novo e que ainda não pensou nos 12 desejos que há de pedir à Fada Passa aquando das mais esperadas badaladas do ano.
Àquela hora, pensar em desejos? Não era melhor ir para o aconchego da cama? Bom, qualquer hora é boa para dar ânimo para o ano que aí vem e, assim como assim, já está de pés enfiados nos porquinhos rechonchudos, olhando ao espelho uma cara que desejava não ser a sua. Seja! Que se pense então nos desejos, com antecedência, para que não seja traídos pela mente na hora H do dia D. Ora então vejamos...
1... Saúde, que é o mais importante;
2... Dinheiro, que dá para quase tudo o que é importante;
3... Amor, que é coisa que o dinheiro não dá;
4... Amigos, que também trazem o Amor;
5... Ter a família por perto, que tanto jeito dá ao corpo e à alma;
6... Um carro novo, que também tem de se pedir coisas palpáveis;
7... Um emprego, que já faz falta à carteira e o desejo nº 2 raramente vem sozinho;
8... Sucesso, em tudo o que venha a fazer em 2006;
9... Que o Benfica seja Campeão Europeu, porque não devemos ser egoístas e pedir coisas só para nós;
10... Continuar a jogar Corfebol, porque faltava esta palavra num post inserido num blog sobre ela mesma.

Que 2006 vos traga tudo o que pedirem à Fada Passa!
(desde que os vossos desejos não sejam incompatíveis com os dos outros)

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Liga Mendonça.com

Se queremos ser grandes, temos de começar por imitá-los.
O maior site de apostas de Corfebol em Portugal devia patrocinar o nosso Campeonato. E este devia passar a chamar-se Liga.

“Liga Corfebol Mania” ou “Liga Mega Corf” não pode ser porque limita o âmbito do site. Assim, nunca poderia ser como a outra, que aposta em tudo, desde quem ganha uma corrida de cavalos até que cavalo vai ter primeiro uma dor de dentes; desde quem ganha umas eleições até que candidato vai primeiro chamar idiota ao adversário num debate; desde quem ganha um jogo de Corfebol até em que dia o David Inácio vai tratar por tu um colega que tenha uma diferença superior a 8 anos em relação a ele.

Os ingleses têm vantagem, porque acabam frequentemente as palavras com consoantes e ficam bem coisas como "Betandwin". "Apostaeganha" fica bué de estranho. Por isso, voto na "Liga Mendonça.com", até porque tem a vantagem de não ser um nome propício a trocadilhos como a Liga Bétadine. Pronto, jurei para mim mesmo que não iria cair no humor básico do Bétadine, mas referenciei-o, pôrra. Só faltava dizer que seria sempre um bom patrocínio para quem joga contra certos adversários caceteiros, mas aí ia ter de dar alguns nomes e podiam levar a mal.

Com o incremento paralelo do site de apostas e da Liga de Corfebol, teríamos, para grande satisfação dos progressistas, os riscos associados à corrupção e resultados combinados, como na Alemanha.
Mas tudo bem; tudo em nome da evolução para as carruagens da frente deste comboio a que chamamos do progresso e que está prestes a chegar a uma nova estação, a de 2006.

PS – Vão lá jogar ao korfball.blogspot.com. Não faz mal começarem a meio; eu também só cheguei já com o jogo em andamento. Também não faz mal os prémios serem baixinhos; o Taco Poelstra e a Inês Biocas também o são.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Chulice Nacional

I
Começa hoje o Congresso do Desporto.
“Um Compromisso Nacional”, apregoa-se. Bom, o compromisso foi mesmo da campanha Sócrates, não foi nacional. OK, juntemos-lhe os seus acólitos e já temos mais gente a responder pelo compromisso – todos os boys and girls... E, a bom rigor, podemos pôr os 2.573.869 votantes na onda rosa, que se solidarizaram com todos os compromissos – até o do Congresso do Desporto. É certo que é pouco mais de um quarto da população deste nosso Portugal, mas já dá justiça à apregoada nacionalidade do compromisso.
Cá do meu pulpitozinho, sem assento no Congresso, queria lançar a debate um tema que é do Desporto em geral. Desta vez o Corfebol é apenas uma parcela da minha reflexão, tendo o lugar que tem no quadro de todo o movimento desportivo nacional. E o tema é uma dissertação sobre a forma como o Estado chula o associativismo desportivo, nomeadamente os seus dirigentes.
Pergunta-se frequentemente quanto custa o Desporto em Portugal. Fazem-se contas a subsídios, subvenções, apoios directos ou indirectos. Então e quanto é que o Desporto dá ao Estado?
Não é tema virgem, porquanto várias vozes lançaram já esta questão para o ar. Mas ainda falta um estudo exaustivo, apurado, em forma de auditoria, que acabe de vez com o empirismo e ponha, preto no branco, a realidade que todos julgamos ser inegável.

II
A prática desportiva reduz mesmo o absentismo profissional? Mostrem-me números. Percentagem, dentro de um mesmo grupo demográfico, por categoria profissional, de faltas ao trabalho derivadas a doença, em grupos distintos – para um lado os praticantes de desporto regular; para o outro os praticantes pontuais; para o outro os ex-praticantes; para o último os que nunca fizeram desporto. Todos esperamos que os sedentários tenham índices mais elevados de absentismo. Todos cremos que assim será, mas é o empirismo a imperar, e só com empirismo não chegamos aos altos mandantes, àqueles que organizam o Congresso do Desporto.
Se é verdade, quanto poupa o Estado em baixas médicas, quanto ganha o aparelho produtivo do Estado na maior produtividade, por cada praticante desportivo?
Os desportistas são mesmo mais saudáveis? Consomem menos medicamentos?... Prove-se e mostre-se ao Estado quanto poupa nas comparticipações pelos fármacos e nas estruturas hospitalares.
A prática desportiva reduz mesmo as dependências? Todos temos a noção empírica que os desportistas fumam menos, que entram menos no mundo da toxicodependência. Estude-se, então. Mostrem-me números.
E com esses números diga-se aos senhores lá do alto quanto poupa o Estado em campanhas de prevenção, em Comissões e Comissariados e Conselhos, nas curas clínicas e sociais. Esconda-se, assim num sussurro conspirador, que o tabaco enche de impostos os cofres do Estado.
A prática desportiva tem mesmo uma influência directa na inserção social? Como? De que grupos?... Diz-nos a observação não-científica que há integração de minorias étnicas por via da prática desportiva, particularmente colectiva, que o Desporto promove o surgimento de grupos de pertença, que é uma componente importante na integração de portadores de deficiências diversas.
Se isso for aferido pelos secos e frios números, então diga-se em alta voz o que o sistema desportivo nacional poupa ao Estado na redução de discriminações, na paz social, na redução de marginalidades, criminalidades e outras instabilidades.
E, para que não digam que deixei o Corfebol de fora, uma palavrinha especial para esta modalidade que, sem par, promove aquilo a que a Dra. Maria de Belém Roseira chamou de Equidade, esse valor que até já teve direito a um Ministério.
Já agora, por Equidade, fugindo por momentinhos ao tema, alerto para que o uso dessa palavra associada ao Corfebol ainda vai baralhar mais os incautos, devido à génese num “Equus” que não tem nada a ver com os cavalos mas que pode confundir e atirar-nos ainda mais para uma similitude completamente desajustada com o Horseball.
Aparte à parte, continuemos.
A dimensão desportiva tem paralelo nos índices de auto-estima de uma população? Estude-se; metam-se os Psicólogos Sociais e trabalhar. Em Inglaterra houve já um estudo que comprovou que o sexo é mais frequente quando o clube do varão ganha (“mulher, o meu Charlton deu 3 no Leeds – prepara-te para festa hoje à noite!”), mas para o sexo há sempre estudos.
Então vamos outra vez à produtividade e à diminuição de depressões e à maior receptividade em relação a alterações estruturais. Se Portugal ganhar o Mundial de Futebol (ou se o Benfica for Campeão Europeu), o Sócrates vai poder ir mais longe que a Merkel e acabar com o 12º mês, que ninguém vai notar.
Portugal, destino turístico por excelência, beneficia com a projecção desportiva dos seus protagonistas? Todos pensamos que sim, que quanto mais se fala de nós, melhor para o turismo, e que fala-se muito de nós pela via desportiva. O Cristiano Ronaldo fará mais pelo turismo, assumimos, que todas as campanhas do ICEP.
Aqui, deixem-me fazer mais um parêntesis. Mesmo quando o Cristiano Ronaldo vem a Portugal mostrar o dedo médio e cuspir na cara dos habitantes locais, está a contribuir para que os nossos visitantes mais assíduos continuem a vir cá. É que esses, os camionistas e estivadores da Velha Albion, a seguir a beber cerveja a rodos, apanhar sol em excesso e envolverem-se em brigas tão estúpidas como eles, o que mais gostam é de fazer obscenidades e cuspir para o chão e humilhar os locais. Ah!, e também dizem que vêm cá para engravidar latinas, mas costumam voltar para casa com uma mala cheia de negas e histórias fictícias para contar aos amigos.
Um bocadinho mais a sério – Confirmada a tendência para o turismo ir a reboque dos nossos embaixadores desportivos, lance-se essa informação, em gráficos e quadros, aos altos mandantes.

III
Somados os benefícios, subtraiam-se os custos que o Estado tem com o Desporto e verifique-se (ou não) que ainda sobra muito.
E de onde é que vem esse muito? Dos dirigentes benévolos, digo eu, à laia de resposta.
Quantos milhares de cidadãos do nosso Portugal não abdicam de uma melhor vida profissional, social, familiar, dos seus momentos de ócio, dos seus bens materiais, em prol de uma paixão pelo Desporto ou por alguma entidade do sistema desportivo?
Nos clubes, nas federações, nas agremiações mais diversas, carolas trabalham para o Estado, muitas vezes sem sequer se aperceberem desse facto. Muitos julgam que estão a trabalhar para o clube do coração, mas estão a aumentar o número de benefícios que o Estado tem a baixo custo. São a mão-de-obra mais barata que os governantes podiam arranjar. É a verdadeira Chulice Nacional.
E o que é que pedem em troca?
Reconhecimento. Algo que vá para além de aparecer nos telejornais. Uma palmadinha no ombro, um cartão de Boas Festas, uma palavra de apreço. Um assumir oficial, público e publicado de que todos os pressupostos empíricos que foram enunciados são mesmo verdade.
Mas ainda outro tipo de reconhecimento. O da discriminação positiva. Não se pretende que os benévolos passem a remunerados, nem faria sentido. Reconhecimento nas atribuição de taxas especiais nas várias áreas em que o Estado as impõe aos cidadãos. Reconhecimento no acesso facilitado a vagas académicas ou profissionais da responsabilidade do Estado.
E, para último, a principal forma de reconhecimento. Ao reconhecerem-se os méritos dos dirigentes desportivos, urge dotá-los com as ferramentas para desempenhar o seu trabalho. Se temos gente disposta a trabalhar para um bem que é específico mas não deixa de ser comum, se sabemos que esse trabalho poupa dinheiro ao Estado, então canalizemos verbas para o Desporto. Sim, dinheiro, assim sem rodeios. Podia-se falar em infra-estruturas desportivas, mas estas só se fazem com dinheiro. Podia-se falar em qualidade de recursos humanos, em promoção e imagem, em saúde e segurança, em tudo quanto potencia os benefícios do Desporto, mas tudo isso só se faz com dinheiro.
O problema é que parece que tudo é visto ao contrário. O Estado vê o Desporto como algo garantido. Se houver menos dinheiro, haverá mais esforço dos carolas. Por isso poupa-se no Orçamento sem riscar muito a pintura.
O dirigente benévolo não quer dinheiro para si; quer para o seu trabalho. E isso é como quem diz, “Amigo Estado Português; eu ajudo-te, mas vá lá, dá-me uma mãozinha para que te possa ajudar ainda mais.”
Vá lá. Pensemos o Desporto, sim, neste nosso Compromisso Nacional, mas não o continuemos a fazer em cima das costas corcovadas do dirigismo desportivo.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Avô-Ho-Ho


Deixa o equipamento à porta; esquece o emblema que orgulhosamente ostentas; vê colegas nos colegas, pois que todos colegas serão.
Dá ao Natal uma chance; dá à união uma chance; mostra o teu contributo; mostra a tua vontade; mostra a nossa união; mostra-te!
Abraça o Pai Natal como quem pede um Corfebol melhor; pede ao Menino Jesus a união no sapatinho de nós todos; nas botas de cada um; nos campos de todos; no universo que nos abarca.
Que Tiago seja um Santo Alquimista e que a sua filosofal pedra seja a pedra em que se edificará a nossa religião. Façamos do ouro a vontade e cresçamos! Façamos da vontade união e dominemos!
18 é o dia; presença é o repto. Subamos ao castelo e derrubemos as forças sitiadas que nos turvam a clarividência. Sejamos um só; sejamos um cavaleiro de alado corcel que defende a sua dama com o fulgor dos heróis; que essa dama tenha um nome; que esse nome seja uno e claro; que esse nome seja Corfebol.
Lá te espero.