Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

segunda-feira, julho 23, 2007

Então como é que esta coisa começou?


O texto que se segue vem de uma leitura do estudo histórico “The roots of the game of korfball – a genealogy”, de Roland Renson, incluído no livro “...and I went on a voyage to Sweden”, editado pela Federação Holandesa de Corfebol (KNKV) em 2003, por ocasião do seu (e do Corfebol) 100º Aniversário.
O rigor deste post não é o mesmo que o do texto que o origina, mas as informações são reais. É um bocado confuso, mas isso também é o texto do Renson e também o são, segundo parece, as origens do Corfebol.
Ponham os cintos e vamos a isso!

Já no século XV os italianos mandavam bolas ao cesto. Bom, não era ainda bem ao cesto... era mais ao balde.
Numa localidade italiana havia um jogo (muito violento, segundo consta) em que o objectivo era meter a bola dentro do balde de um poço de água. Quem ganhasse garantia o direito a tirar a água do poço.

Mas um poço é muito baixo para ser Corfebol. Está bem, aceito.
Então vamos para os índios americanos da era colombiana. Tinham um poste (olé!), embora a uns 5 metros de altura, e no topo tinham uma superfície de madeira, que rodava sempre que era atingida pelas bolas.
O jogo não me parece que tenha muita relação com o nosso, mas a imagem... olhem que passa por um Corfebol Nativo-Americano. Principalmente se tirarmos de lá os gajos de arcos e flechas.

Ainda na América, e ainda com índios, estes mais a Sul - os astecas pré-colombianos - temos o Ulama. O nosso amigo Renson diz logo para tirarmos o cavalinho da chuva quanto a isto ter qualquer coisa a ver com Corfebol, mas é um desporto dos mais antigos que se conhecem e o objectivo... bom, sempre é fazer passar uma bola por um orifício.

Então, para termos alguma coisa mesmo parecida com o nosso Korf, vamos para mais perto, no tempo e no espaço. Viajemos para a Alemanha, em 1861, e vejamos o Ballkorb (olhem o nome!... estamos a chegar lá!). Esta geringonça tem a particularidade gira de girar (perdoem o trocadilho fácil) quando a bola entra no cesto, mandando-a de volta para jogo. Depois, caída a bola, volta sozinho ao local para se voltar a lançar.
O Ballkorb, o aparelho, deu origem ao jogo... Korbball (Chegámos lá! Leiam este nome e vejam lá a semelhança). Uns seis atletas em cada equipa, lançando à vez. Os que lançavam tentavam fazer séries de 3 golos, enquanto os que viam lançar tinham de apanhar a bola antes de bater no chão. Às vezes, até tinham de bater palmas antes, para dificultar o jogo (Ei, malta! Não se riam; isto é mesmo a sério, não fui eu que inventei). Depois, trocavam de funções.
Nesta fase, mas apenas com reflexos umas décadas depois, surge uma guerra de patentes entre os alemães e os americanos. Os alemães diziam que eles é que tinham inventado o Basketball e que o James Naismith só tinha ido buscar o Korbball e feito umas adaptaçõezitas. Para a história – essa ingrata! - ficou o Naismith e não o Heinrich Otto Kluge, o alemão que pôs o pessoal a bater palmas em redor de um cesto.
Para baralhar, outro alemão, um tal de Hermann, foi buscar o Basketball americano (o do Naismith, desta vez sem subterfúgios) e levou-o para a Alemanha, em 1896. Mas os germanistas não aceitaram o nome do desporto americano e baptizaram-no como... Korbball.

Mas como a nós, Corfebolviventes, não nos interessa a origem do Basquete mas sim a do Corfebol, vamos lá baralhar mais um bocadinho a cena.
As teorias são difusas, mas acabam por convergir num sítio – Nääs, na fronteira dos séculos XIX e XX.
Em Nääs, na Suécia, acontecia por essa altura, calculo que anualmente, um curso de desporto para gente de todo o Mundo. Iam lá parar professores de Educação Física (chamemos Educação Física para simplificar, embora seja óbvio que o nome variava) de todo o lado. E daí, levavam ideias para os seus países.

A versão oficial diz que Nico Broekhuysen foi à Suécia em 1902 e viu uma coisa chamada Ringboll, um jogo sueco.
Nesse jogo não havia cestos, mas sim aros metálicos, e não era regulamentarmente misto, mas já havia a divisão por três zonas e não se podia progredir com a bola.
Teria sido este professor holandês a pegar nesse jogo e criar o Korfbal, já na Holanda, transformando-o num desporto típico holandês.
Pode-se acrescentar que ao Ringboll também se chamava Handboll e que o pessoal de fora da Escandinávia lhe chamava Basket-Ball.

A versão não tão romântica esquece o Ringboll na origem do Corfebol.
Há referências bem anteriores à estada do Nico na Suécia que relatam uma forte presença americana nos cursos de Nääs.
Em 1897 já um dinamarquês que tinha ido a Nääs dizia que os americanos tinham levado um jogo chamado Kurvbold.
A foto é de Basket-Ball, o desporto americano, em 1892.
Os vários nomes que em cada país se foram dando ao Basquetebol tornam tremendamente confusa toda esta história, mas parece que foi mesmo à modalidade de Naismith que foram beber as inúmeras variações. Em sueco, Basket-Ball diz-se Korgbol.

Na sua própria pátria surgiu a versão feminina, por Senda Berenson. Esta principalmente vocacionada para o exterior, dividia o campo em três zonas e adaptava as regras à realidade feminina - era mais soft. Por exemplo, só se podia driblar a bola 3 vezes e não se podia tirar a bola da mão da oponente, que só podia mantê-la por 3 segundos.
Essa versão terá sido exportada para vários países, via Suécia, no final do Século XIX.

As inglesas gostaram particularmente desse jogo. Mudaram-lhe algumas regras, chamaram-lhe Netball e espalharam-no para além dos Oceanos, para a Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Ainda hoje o Netball é o irmão mais próximo do Corfebol.

O que Nico Broekhuysen fez foi levar o Basquetebol feminino americano para a Holanda e dar-lhe aquela que é, possivelmente, a única característica própria da modalidade – ser Misto.
Esta característica, hoje o nosso grande orgulho, terá sido sugerida pela forma como em Nääs eram praticados alguns jogos. É que os participantes dos cursos eram de ambos os sexos e a demonstração dos jogos na prática era feita com a participação dos formandos.

Um mito que cai por terra – os belgas não conheceram a modalidade através dos holandeses. O Corfebol foi introduzido na Bélgica vindo da Alemanha e com base em regras austríacas (!). Só se podia estar 3 segundos com a bola na mão e não era misto. Só nove anos mais tarde é que foi substituído por aquele que se jogava na Holanda.
Na Áustria as equipas não eram mistas e os cestos eram de rede, cosidos em baixo.

Em Portugal, já agora, houve em tempos uma demonstração de algo chamado “Corfebol Tradicional da África do Sul”. Foi na Guarda. Não era misto. Não passou dessa demonstração, apesar de na altura até se falar na constituição de uma Federação Portuguesa de Corfebol... algo que os promotores do evento não faziam a mínima ideia de que já existia.

Bom... Resumindo... Se o Broekhuysen foi o Pai do Corfebol, então a Senda Berenson foi a Avó... e o James Naismith o Bisavô. Mas, como todas as instituições, o Corfebol precisa de ícones. Nico Broekhuysen é um ícone. Faz parte da identidade da Modalidade. Deixem-no lá estar. Sempre é melhor uma referência única e universalmente aceite que esta confusão que se leu atrás.


Quanto ao Ringboll, lamento desiludir todos os jovens que, em qualquer trabalho sobre Corfebol no Secundário, incluem esta modalidade sueca como raiz da inspiração do Nico, mas acho que é mesmo de riscar do mapa.

quarta-feira, julho 11, 2007

Olá, estávamos à tua espera

Isto hoje é pessoal. Despi até a casaca da personagem. É a personagem que assina mas - hoje - não é ela que escreve. Sou eu.
Há um post na forja, que vem na sequência do último, mas pedi ao Avô para deixar pôr este no meio. Porque tinha de ser hoje.
Hoje recebi uma boa notícia. Ao nível daquela que me encheu de satisfação no dia 27 de Outubro.
Digo habitualmente que o momento mais feliz que passei esta época ocorreu nesse dia. A idade já me deixa colocar como pontos altos os momentos alheios. É um sinal de maioridade, perdoem-me a imodéstia. É um sinal de que já ando cá mais pelos outros que para mim. Mas não por quaisquer outros.
Por outros, sim, mas por aqueles que me lembram os anos áureos em que dava (muito mais)gosto cá andar. Por aqueles que me fazem lembrar a mim (mais uma vez imodesto... desculpem lá).
E tu fazes!
Tu és o que um Corfebolista tem de ser para merecer a maiúscula no início do nome. Um dia disse-te, a propósito de um outro momento alto, que se havia alguém que merecia a sorte aí lançada, eras tu. Senti o que disse e di-lo-ei sempre que a isso for solicitado.
Tu deste-me alento e motivaste uma decisão que me deu muito. Obrigado.
Estava à tua espera. Estávamos todos à toda espera. Não tardaste, felizmente.
Agora volta e sê quem és. Com as devidas cautelas, que não quero que outras boas notícias venham de algumas más.
E não te esqueças... Deves-me um Golo. Sou muito ambicioso se pedir o primeiro da próxima época?
Exponho-me e deixo no Blogue um Post menos democrático, que não será acessível pela maioria das pessoas. Mas é por uma boa causa. Se há alguém que o merece - em termos estritamente corfebolísticos - és tu.
Aos outros, peço desculpa em nome pessoal e do Avô. O rumo normal do Blogue segue dentro de momentos.