Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

terça-feira, abril 22, 2008

Koog quê?

Notícias vindas da Terra Korf espantaram-me.

Uma equipa que só no ano passado é que chegou ao nível de topo do melhor Corfebol do Mundo (a Korfbal League holandesa), e que andou a lutar por não descer, este ano conseguiu uma proeza fantástica - o título mais cobiçado do Corfebol mundial.

Não é novidade para quem cá anda há algum tempo que ser Campeão holandês é mais importante que ser Campeão do Mundo. O mítico Ahoy, na Final Indoor da Terra Korf, é onde todos querem estar e onde todos querem ganhar.

Pois, desta vez, pasme-se muita gente!, quem o fez foi o quase desconhecido Koog Zaandijk.

Um DOS'46 carregadinho de estrelas, mesmo que com o Top Star André Kuipers no final de uma época azarada com lesões, não conseguiu bater os tipos que viajaram de Koog aan de Zaan. Mas também o PKC, de Scholtmeijer e dos Simons brothers, tinha já falhado nessa tarefa.

A surpresa é só parcial, se tivermos em conta que o Koog Zaandijk já tinha vencido a fase regular, mas o pasmo mantém-se.

Boas novas - novas de renovação - nos chegam do País que Respira Corfebol.

sexta-feira, abril 11, 2008

Revolução Ortográfica - o Tratado

Elevadas que ontem foram as expectativas, vamos lá à verdadeira Revolução Ortográfica. Há anos que a proponho, com maior ou menor discrição, e já ia sendo altura de saltar para um blogue.
Vou falar do português e das suas idiotices, mas deixo já a advertência de que não considero que estas sejam monopólio da nossa língua. Qualquer falante de outro idioma poderia escrever um texto idêntico a este.
Há no português escrito pormenores que são perfeitamente absurdos e que só servem para que a sua aprendizagem seja mais difícil. Há uma série de letras com polivalência fonética, fonemas reproduzidos por mais que uma letra, letras inúteis, uma enormidade de excepções às regras. Quantos de nós não tiveram outrora dúvidas na aprendizagem por causa destes engulhos e quantos de nós não tiveram já dificuldades em explicar aos mais jovens que nem tudo é como era suposto ser?
Um alfabeto deveria ser uma paleta de letras em que cada uma (e apenas uma) correspondesse a um som e em que todos os sons estivessem abrangidos. Mas não é assim.
Para o “lhe” (de “olhar”) ou o “nhe” (de “ganhar”) precisamos de conjugar letras. Para o “r” (de “farol”) temos o R, mas que só tem o som que lhe está atribuído, o “rr” (de “carro”), quando está duplicado ou no início da palavra. Devíamos ter uma letra que reproduzisse o “lhe”, outra para o “nhe” e outra para o “r”. Ou então um acento, como os espanhóis fazem com os “ñ”. Mas, como não temos e não quero inventar letras, o meu Tratado vai esquecer as omissões do alfabeto português.
Se vou passar por cima das omissões, o mesmo não farei com as repetições.
Se temos um Z, por que raio havemos de utilizar o S ou o X para o reproduzir? Ainda por cima, isso faz com que ao S se aplique a regra do R, ou seja, que só vale assim quando está duplicado ou no início da palavra. Ou então em casos excepcionais, como “falso”, o que ainda vem ajudar mais à confusão.
E o C a fazer de S? Para quê, se a letra existe? E já que falamos de C, qual é a lógica de esta letra mudar de valor em função da vogal que se lhe segue? Porque é que vale “s” em “aceno” e “k” em “acordo”?
E o Q, o tal que “é uma letra que se lê”, serve para quê? Se temos o C com valor “k”. Ainda por cima, tem também aquela particularidade de precisar de um apoio (o U), que se lê ou não (“quando” ou “quem”) em função da vogal seguinte, o que é absurdamente inútil.
Não fossem as omissões de que falei anteriormente, e também o H era dispensável. Ter H’s mudos é ridículo.
Para não baralhar mais, vou, por agora, esquecer as vogais. Também nas vogais havia muito para dizer sobre letras que se valem por outras, dependendo de acentuação, tudo bem, mas não só - também dependem da posição que ocupam na palavra e, mais uma vez, de um rol de excepções que tornam o aprender português uma tarefa penosa.
Também não vou introduzir uma outra alteração que, apesar de a defender, tem sido mal recebida por aqueles com quem a comento, o que faz com que eu próprio ainda não esteja totalmente convencido. É a questão do som do S quando no final das palavras ou antes de consoantes (“cargos” ou “este”). Para mim, esse S lê-se “j”. Fica a ideia, mas não a reproduzirei, para que mais perceptíveis fiquem as outras propostas.
Talvez mais tarde me debruce sobre isso e sobre as vogais. Por agora, deixo-vos um exemplo do que poderia ser o português simplificado, dando a cada consoante um único valor e apenas tendo uma consoante para cada valor. Sei que poderia ser uma revolução grande de mais, mas podem ter a certeza que, daqui a umas décadas, as gerações vindouras nos agradeceriam pelo acto visionário. Ficaria qualquer coisa como isto:

Era uma vês um menino pekenino ke gostava de jogar à bola. Também gostava de pasear. Kuando dava um paseio, uzava kuaze sempre o seu kazako azul e as kalsas roxas.
Enkontrei-o na semana pasada no sinema e axei-o kom um ar kansado. Perguntei-lhe se estava tudo a korrer bem e ele dise ke sim.
A mãe dele tem sinkuenta anos e xama-se Maria. Ningém lhe daria esa idade porke parese muito mais jovem. É uma dansarina ezemplar.


A utilização do K para o respectivo som foi uma opção que fiz agora. Uma vez que já o temos no nosso abecedário, então mais vale utilizá-lo. Até porque o C tem um valor tão polivalente que daria azo a mais confusões. Com tantos K’s isto parece linguagem de sms, mas quem vir melhor vai perceber que está longe disso. As letras estão lá todas; têm é os valores uniformes.
Se detectarem algum erro, não me admiro. A prática de escrever no português correcto (embora absurdo) é tanta que, apesar de ser um texto pequeno, pode-me ter escapado alguma coisa (encontrei dois ou três C’s depois de escrever, por exemplo).
Enquanto não se investe no Esperanto, ou em qualquer outra língua com o duplo condão de ser universal e simplificada, fica este meu contributo para a discussão acerca do português, neste caso o escrito.
Ah, e já agora, falando daquilo que mais gostamos…

No último jogo markei um sesto. Foi um lansamento na pasada. O defeza ezajerou na presão e eu konsegi entrar kom fasilidade. Á mérito também para kem me fês o pase.

quinta-feira, abril 10, 2008

Revolução Ortográfica - Introdução

Faz-se num copo de água um tornado maior que o de Santarém quando se fala no Acordo Ortográfico. É porque são os brasileiros que mandam nisto e os africanos que não mandam coisa alguma; é porque a língua dos nossos avós deve ser preservada; é porque nas escolas vai ser uma confusão do caneco; é porque os livros vão ter todos de ser reeditados… enfim, vem aí o apocalipse. Bem diziam os apocalípticos medievais que o Fim do Mundo vinha nas escrituras. Mal sabiam eles que isso seria tão literal.
A simplificação da língua é um imperativo lógico. À medida que a prática muda, também as regras o devem fazer. É assim em todas as actividades sociais, porque não havia de ser no acto tão mundano de falar e escrever?
São os brasileiros que ditam as alterações?... Não me parece que isso seja 100% verdade, mas é natural que exista um contributo maior a Oeste do Atlântico. Porquê? Porque são mais, para começar. Mas essencialmente porque não estão espartilhados pela tradição secular que nos prende a um classicismo de que nos orgulhamos (e bem!), mas do qual não conseguimos discernir o lugar na história e o legado para a prática corrente. Por outro lado, apesar de jovens no falar português (em comparação connosco), o que lhes dá essa capacidade de inovar com pertinência, são experientes na autonomia educativa, em comparação com os países africanos, que há tão pouco tempo deixaram de ter as vidas dominadas pela metrópole. Os brasileiros simplificaram muito do português, ao longo de uma fértil história de uso autónomo da língua.
A língua dos nossos avós deve ser preservada? Bom, quanto a mim, Avô de todos vós, dispenso outra preservação que não a de estes textos ficarem guardados em algum lado e que alguém tenha o interesse de os ler de vez em quando, no futuro. Quanto à língua, só se for em formol e não, obrigado (só de imaginar dá-me uma voltinha no estômago). Deixaremos de ler Saramago se ele não escrever como nós? Ooopss… Saramago não é um bom exemplo… Deixaremos de ler Mário Cláudio se ele usar palavras diferentes das que usaremos no futuro?... Respondo perguntando se deixámos de ler Camões, que tanta coisa escrevia que hoje nos faz pasmar e sorrir.
Nas escolas vai reinar a confusão? Acredito que toda a transição é conturbada. Esquece-se a TLEBES, vem o Acordo. E como se avaliam os petizes? E como se ensinam? E como se avaliam os professores e se ensinam os professores a ensinar e a avaliar como deve ser? Vai ser complicado durante uns tempos, mas tem de haver um período de transição, como sempre houve noutras mudanças, em que se considera coabitantemente certo que o era antes e o que passou a ser agora.
Vamos ter de reeditar os livros? Aos poucos, sim. Não de empreitada, claro. A não ser os escolares, mas esses são-no na mesma. De resto, à medida que se forem editando obras, fará sentido óbvio que seja à luz das novas regras. Mas enquanto não o forem, ler-se-ão os livros como sempre se leram. Alguém poderá sorrir quando vir uma palavra arcaica, como hoje fazemos se lemos um Eça original. E aqueles livros que não mereçam reedição, ficarão para sempre no original, o que não me parece o Fim do Mundo.
Quer se evolua nas regras, quer não, as mudanças sentem-se no dia-a-dia. Resta saber se temos o espírito suficientemente aberto para fazer dessa mudança a Lei.

Mas amanhã… ah! amanhã… terão a surpresa de ver o que é a verdadeira Revolução.
Perante o que vos vou sugerir, o novo Acordo Ortográfico estará longe de ser o Fim do Mundo; nem o Fim do Meu Bairro será.
Este texto era só para vos amaciar o espírito e preparar para o que aí vem. Esperem para ver!

terça-feira, abril 01, 2008

Uma Confissão

Dizem as leis genealógicas que é necessário um pai e uma mãe para haver um filho, que esses pais tiveram necessariamente pais, que são, por inerência avós dos seus filhos, numa linha sucessiva que só tem travão em dois casos especiais que os doutos Testamentos nos explicam – um é o dos primeiros seres de cada espécie (Adão e Eva, no nosso caso), que não terão pais, nem avós, o outro é o do Cristo, nascido sem pecado, portanto talvez sem pai terreno, talvez sem avós, mas com mãe, porque, mesmo sem pecado, alguém tinha de parir o Escolhido.
Um neto pressupõe, portanto, um avô e uma avó, com um pai e uma mãe pelo caminho. Mas, no entendimento comum, podem-se saltar esses intermediários, que para aqui não fazem falta. É como dizer que ao preto se segue o branco, esquecendo os cinzentos que terão de ter tido o seu lugar inevitável na transição cromática. Portanto, ao avô pode-se seguir logo o neto, sem passar pelo filho/filha de um, que será o pai/mãe do outro.
Baralham-se as cabeças, que é para ser mais difícil chegar à parte apetitosa da confissão. Não pensem que atingem o auge do texto sem penar primeiro num deserto pedregoso.
Mas a confissão vem já de seguida, não se preocupem. E, de teaser em teaser, o pessoal perde a paciência e apenas os mais persistentes chegarão à planície prometida em que ficarão a saber mais do que os que nervosamente abandonaram a demanda por uma verdade maior.
É como nos nossos noticiários televisivos, em que temos a notícia propriamente dita, mais os rodapés a debitar outras notícias, mais os flashes que anunciam que “já a seguir” se vai falar de uma outra coisa. Normalmente é essa outra coisa que as pessoas querem ver e esperam, penam, atravessam o deserto pedregoso das notícias chatas, sempre à espera da tal notícia que parece ser tão importante mas vem lá para o finalzinho do noticiário.
Pois aqui é assim… querem confissão?... apanhem o resto primeiro.
Sim, porque nos noticiários também há quem tenha a tendência para fazer zapping, e depois admiram-se que, quando vão ver se está quase, a notícia já deu. Mais vale prenderem-se ao ecrã, ou a demanda terá saído furada.
Acontece muitas vezes que a tal notícia acaba por ser um flop. Much Ado About Nothing. Pois, o contrário não garanto, nem nos noticiários televisivos, nem aqui. Cada um segue pisando as pedras do deserto por sua própria conta e risco. Não há devolução do dinheiro investido. Nem do tempo. Nem da paciência.
A confissão parte de um Avô que andava com vontade de se tornar jovem. Qual é o contrário de preto? É branco. Qual é o jovem de Avô? É Neto.
Então o Avô, que achava que só o seu lado jovem é que podia continuar a pairar sobre o Corfebol e a opinar sobre ele, mandou o seu alter ego geracional criar o seu próprio espaço. Assim, ele teria tempo para fazer do seu Blogue algo de diferente, com pitadinhas de Corfebol mas sem exagerar na dose, enquanto a sua parte jovem continuava a tentar que as pessoas falassem sobre temas interessantes de Corfebol e não das polémicas da arbitragem e quejandas.
Portanto, a confissão é esta – o Neto é o Avô e o Avô é o Neto, mas em fases de disponibilidade mental diferentes. Por isso é que o novo site nunca podia ser pior que o primeiro, capice?
Pronto, está dito. Desfez-se (talvez rapidamente demais, mas que se lixe!) o mistério em torno do Neto. Assim não dizem que não se joga às claras.
A bem do Corfebol.