Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

quarta-feira, setembro 24, 2008

Eles andam aí...


Eles andam aí... de novo. É cíclico. É mais certo que as andorinhas migrarem, mais certo que as galinhas porem ovos, tão certo quanto o Sol se pôr todos os fins de dia.
Caras feitas em paleta de mau artista, adereços tão inusitados como penicos na cabeça ou fraldas em cima de calças, orelhas de burro, cartazes ao pescoço com insinuações insultuosas para os seus portadores, eles andam por aí... berrando cânticos sobre orgias e orgasmos, louvando a instituição que os acolhe oprimindo-os... arrastando-se em comboios de grilhetas improvisadas... humilhando-se... expondo-se... dirão alguns que integrando-se.
Eles andam aí... vigiados por abutres toldados de negro, que usufruem de uma autoridade que visivelmente não gozam durante o resto do ano... abutres negros rebaixam divertindo-se, que se divertem vingando-se, que se vingam humilhando, que humilham integrando, que integram rebaixando.
Eles andam mesmo aí... a Cidade encheu-se deles... de novo... abrindo as portas ao nível dito “superior” da mais nobre das missões humanas... a do “ensino”.
Eles passeiam por todo o lado, estampados com o carimbo de quem atingiu a felicidade de entrar para a cada vez menos restrita fábrica de dêérres... estampada a felicidade de uma forma paradoxalmente triste... eles passeiam por aí... sem saberem se devem dar urras por viverem momentos memoráveis ou se devem desejar que estes momentos acabem depressa...
... para que também eles possam espezinhar os dejectos andantes que ousem ser caloiros nas suas escolas.




quinta-feira, setembro 11, 2008

Duas Portas Abertas

Não há fome que não dê em fartura, nem que as farturas estejam no lado oposto da 2ª Circular.
3 anos e meio depois de escrever sobre a fresta por onde se podia espreitar um Corfebol de águia ao peito, eis que os leões saltam primeiro para esta mista arena que nos acolhe.

O mais giro é que duas portas se abriram em simultâneo lá para os lados daquela gigantesca casa de banho. Sem confluência de esforços, o que se lamenta numa modalidade tão pequena, valeu a “Cunha” maior e já está aí, a
pleno gás, o primeiro núcleo de Corfebol com o nome de um dito “grande”.
Se tivesse falhado esta hipótese, havia a outra, um projecto mais antigo, com outras características, mas que também garantiria camisolas de Corfebol às riscas verdes e brancas.

Olhando para o texto sobre o Benfica, quase que apetece fazer copy-paste. Corfebol no Sporting dá credibilidade e mediatismo à modalidade, E, abertas as portas, a tarefa de quem a agarrar é fácil, pelas mesmíssimas razões então apresentadas.

Para já, parece que vai no bom caminho. Quem está à frente do projecto já provou que não precisa de lições sobre como captar atletas. E até na comunicação parece haver uma aposta ganha, com um bom site e boa apresentação geral.

Claro que, quanto ao mediatismo, é pena que, via SCP, o Corfebol possa chegar aos ouvidos de mais pessoas e essas, se quiserem saber mais sobre nós, se depararão com um site federativo que passou de parado para desligado.
...Não se pode ter tudo.

sexta-feira, setembro 05, 2008

A Beata do Alasca

Falemos dos americanos.
É típico daqueles que agem como donos do mundo não serem propriamente exemplares nos critérios que utilizam para escolher os seus líderes.
Eleições que, à imagem do desporto-espectáculo, valem pela vitória absoluta e não pelos números relativos (ganhar dois estados por 1 voto vale mais que ganhar um estado por mil), campanhas que ostentam bandeirinhas e confettis em vez de ideias, soundbites escolhidos por legiões de profissionais especialistas na manipulação, lobbying institucionalizado… enfim, escolhas duvidosas só podiam dar em políticas duvidosas. O que nem seria preocupante, não fora sabermos que os reflexos no nosso rectangulozinho à beira-mar plantado são enormes, como enormes são em todo o globo terrestre and beyond.
O senhor republicano de sorriso de plástico (mais que pepsodent, aquilo é corega plus) escolheu uma senhora para o acompanhar na corrida presidencial. Só será surpresa para quem só tenha acordado hoje que nenhum comentador analise esta escolha de um ponto de vista de governação - quais as mais-valias de ter a senhora Palin na vice-presidência? - mas sim de um ponto de vista eleitoral - as mulheres democratas, desiludidas com a derrota da Hillary, vão aderir a uma candidatura feminina? os ultra-conservadores vão aderir a uma candidatura do mais reaccionário que há? e por aí adiante…
Também não espanta que este debate, já de si inócuo, passe para segundo plano quando chegam as notícias, mais ou menos picantes, de cariz pessoal e familiar. Esqueça-se que a senhora defende a venda indiscriminada de armas; esqueça-se do que advoga em termos de direitos sociais; esqueça-se que baralha evolucionismo com criacionismo; esqueça-se que defende que o homem não influi nas questões climáticas… Temos coisas mais giras para falar! Falemos do marido que foi preso há vinte anos por conduzir alcoolizado; da filha, adolescente e solteira, que está grávida; de um suposto e sempre desmentido affair que terá tido com um colega do marido; das ligações do marido aos independentistas do Alasca. Sim, falemos da família e não dela, porque é mais divertido. Falar de política é chato, mesmo quando se trata de eleger a equipa presidencial do Estado mais poderoso do mundo.
Estamos a falar de um país onde um candidato tem de abandonar a sua candidatura quando se descobre que, durante o serviço militar, teve medo de saltar de um helicóptero. E se nem sequer cumpriu serviço militar, então nem vale a pena lá aparecer. Estamos a falar de um país onde um dos presidentes mais consensuais (pela positiva, tanto interna como externamente) de uma longa história teve de se demitir porque veio a público que uma estagiária lhe brincava com as partes íntimas.
Estamos a falar de um hipócrita país onde a família é arrastada para a esfera pública como se isso contribuísse alguma coisa para a gestão pública. Não pode haver comício sem que esposas, esposos e filhos (neste caso, até o futuro genro, para mostrar que a miúda está grávida mas que tudo vai voltar “às direitas”) estejam no palanque, a acenar, a sorrir, a dizer que a mamã (ou o papá, ou o maridão, ou a mulherzinha, ou até a sogra) é a maior, e que vai ganhar, e que estamos todos muito “proud of her” e que “God bless America”.
Mas estamos também a falar de uma candidata que é a 2ª mulher a concorrer à vice-presidência, presumo que a 1ª republicana. Estamos a falar de uma eleição que esteve a um passo de ter a primeira mulher a concorrer à presidência. Uma eleição que tem um não-branco a disputar esse lugar pela 1ª vez. Mas isto não interessa. Queremos é sangue, de preferência da família, de preferência com sexo à mistura.
E assim, no meio destes disparates, como é que querem que me sinta seguro? Eu devia poder votar no “Leader of the Free World”. Eu e todo o “Free World”. Nós e também os habitantes do outro “World”, onde quer que isso seja, porque esses ainda levam mais com as decisões do “Leader” do que nós.
Todos. Todos devíamos votar nas eleições americanas. Todos os habitantes deste 3º Calhau a contar do Sol.
Mas não votamos. Se eu votasse, entre o péssimo e o aceitável, votaria no Obama… Mas só se não me deixassem votar na Mackenzie Allen.