Ao Zeca, Vinte Anos Depois
Bem ou mal, inspirei-me, hoje que passam duas décadas da morte do Zeca, nos seus textos musicados, para lembrar algo do Corfebol, algo de mim, algo de nós, nós que somos Corfebol, este Corfebol que faz parte de nós.
“Eu vou ser como a toupeira que esburaca” (Eu Vou Ser Como a Toupeira) e usarei esta pena em teclado feita para chamar todos à acção. Porque, já sabemos, “o que faz falta é acordar a malta” (O Que Faz Falta).
Eu e tantos neste Corfebol, “lá no cimo de uma montanha acendemos uma fogueira, para não se apagar a chama que dá vida na noite inteira” (Canto Moço).
“Num lugar ermo só no meu abrigo aí terei meu tecto e meu postigo” (Tecto na Montanha). “No Lago do Breu a Lua nasce (No Lago do Breu). “Estou sozinho no mar largo, sem medo à noite cerrada” (Minha Mãe). Assim é o Corfebol para mim, estas “torres cinzentas que dão para o vento dentro do meu pensamento” (Altos Castelos), este sentir as dificuldades como um desafio, usando a paixão como escudo contra o infortúnio e telescópio para a felicidade.
E é assim que me vejo, sem modéstia, como “o vento que dá nas canas do canavial” (A Morte Saiu à Rua), porque conheci o Corfebol e “desde então a bater no meu peito em segredo sinto uma voz dizer Teima, teima sem medo” (Fui à Beira do Mar). E, por isso, me “ouvirás cantando nas alturas” (Canção de Embalar). E, pelo Corfebol, sei-o, “eu hei-de vencer” (É para Urga).
Pois é isto o Corfebol. Este Mundo onde se encontra “em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade” (Grândola, Vila Morena), em que é “benvindo quem vier por bem” (Traz Outro Amigo Também ), esta “Cidade sem muros nem ameias; gente igual por dentro, gente igual por fora” (Utopia), esta “Cidade do homem; não do lobo mas irmão; Capital da alegria” (Utopia). Onde os sexos se irmanam, pois “Mulher na democracia não é biombo de sala” (Teresa Torga).
Tenho pena de quem não conhece o Corfebol; de quem não nos conhece. “Há quem viva sem dar por nada; há quem morra sem tal saber” (Mulher da Erva).
Sabemos que isto está mau. Este Mundo que amamos anda triste, mas amamo-lo sempre. “Já o tempo se acostuma à cova funda” (Já o Tempo se Habitua), mas cremos piamente “que um dia rirá melhor quem rirá por fim” (A Morte Saiu à Rua).
Para o Corfebol, tantas vezes, parece que “a marcha do tempo parou” (O Homem Voltou), mas “já o tempo se habitua a estar alerta” (Já o Tempo se Habitua).
Não somos só nós que estamos mal. “O país vai de carrinho; vai de carrinho o país” (O País Vai de Carrinho). Anda tudo torto neste Portugal. “Mandadores de alta finança fazem tudo andar pra trás” (Os Índios da Meia-Praia). Compadrios e injustiças reinam. “À mesa da fama assentou-se quem mama” (Eu Marchava de Dia e de Noite).
E, claro, se as coisas correm mal, pior tendem para correr. “Quando tudo te corre a prazer vêm amigos estender-te a mão, mas se Deus ou o Diabo viram tudo ao contrário, ninguém vem levantar-te do chão” (Eu Marchava de Dia e de Noite). “Homem de costas vergadas, de unhas cravadas, na pele a arder; é minha a tua canseira, mas há quem queira ver-te sofrer” (Só Ouve o Brado da Terra). È certo e sabido que “onde não há pão não há sossego” (Menino do Bairro Negro).
“A gente ajuda, havemos de ser mais, eu bem sei; mas há quem queira, deitar abaixo o que eu levantei” (Venham Mais Cinco). “Quem te quebrou o encanto, nunca te amou” (Maio, Maduro Maio), ó Corfebol. Mas pior é “se alguém se engana com seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada” (Os Vampiros), àqueles que só vêm para cá estragar o que construímos. “Lembram-me os Sheikes das fitas, que dão porrada a quem passa” (Nefretite não Tinha Papeira).
Desgastam, “que um homem morre mil vezes, mil e uma já é demais” (Canção do Medo). Mas já não tenho pena, sei esperar” (Canção da Paciência).
Depois, há os que, com esse e outros desgastes, se vão embora. “Adeus que te vou deixar, ó minha terra, ó minha enxada; não faço gosto em voltar” (Adeus ó Serra da Lapa). Porque “às vezes uma dúvida rondava: valia ou não a pena o que fazias?” (Tinha uma Sala Mal Iluminada).
Mas vamos dar a volta. “Vira o vento e muda a sorte” (Natal dos Simples). “Mudem de rumo; já lá vem outro carreiro” (A Formiga no Carreiro).
“Companheiros de aventura, vinde comigo viajar” (Adeus ó Serra da Lapa), “venham comigo venham, que eu não vou só” (Menino d'Oiro). “E o caminho é só um; é sempre em frente” (Tinha uma Sala Mal Iluminada). “Amigo, maior que o pensamento, por essa estrada amigo vem. Não percas tempo, que o vento é meu amigo também” (Traz Outro Amigo Também ) “Ergue-te ó Sol de Verão; somos nós os teus cantores” (Coro da Primavera).
“Olha o sol que vai nascendo” (Menino do Bairro Negro), olha as “pombas brancas que voam altas” (As Pombas). Com elas, “canta camarada, canta,canta que ninguém te afronta” (Canta Camarada).
“Não há bandeira sem luta” (Teresa Torga). “Que a voz não te esmoreça vamos lutar” (Maio, Maduro Maio), “porque a luta continua” (Os Índios da Meia-Praia). Lutemos, pois, pelo que nos une. “Não quebrem vossa união” (Em Terras de Trás-os Montes). “Enquanto há força no braço que vinga, que venham ventos virar-nos as quilhas” (Enquanto Há Força).
“Não tenhamos medo, pois ninguém melhor poderá resolver esta luta “ (Barracas Ocupação). “Mas se há um camarada à tua espera, não faltes ao encontro sê constante” (Tinha uma Sala Mal Iluminada).
“Nem toda a força do pano, todo o ano, quebra a proa do mais forte, nem a morte” (Já o Tempo se Habitua). Porque “o homem conquista a vitória sobre o deserto e rio também” (Eu Marchava de Dia e de Noite), sabendo que “só o forte tem sorte” (Eu Marchava de Dia e de Noite). “Amigo, a vitória é tua” (Foi na Cidade do Sado).
“O que faz falta é agitar a malta” (O Que Faz Falta). Mexamo-nos. Façamos mexer os que nos ladeiam. “A presença das formigas nesta oficina caseira” (A Presença das Formigas) leva-me a pensar que somos muitos e bons para levar a bom porto esta demanda. “Somos filhos da madrugada” (Canto Moço), mas “o que faz falta é empurrar a malta” (O Que Faz Falta).
E, então, vamos. “Por esses quintais adentro vamos às raparigas solteiras” (Natal dos Simples), “por esses quintais adentro vamos às raparigas casadas” (Natal dos Simples). “Traz outro amigo também” (Traz Outro Amigo Também); “venham mais cinco” (Venham Mais Cinco), e que esses cinco tragam cada um outros tantos. E aí “seremos muitos, seremos alguém, cantai rapazes, dançai raparigas” (Enquanto Há Força).
E, enquanto “navegamos de vaga em vaga; não sabemos de dor nem mágoa” (Canto Moço), “muitos sóis e luas irão nascer; mais ondas na praia rebentar” (Canção da Paciência), e cá estaremos nós, Corfebolistas, a lutar, sempre!, pela nossa Modalidade, pelo nosso Mundo, pela nossa Vida!
“Eu vou ser como a toupeira que esburaca” (Eu Vou Ser Como a Toupeira) e usarei esta pena em teclado feita para chamar todos à acção. Porque, já sabemos, “o que faz falta é acordar a malta” (O Que Faz Falta).
Eu e tantos neste Corfebol, “lá no cimo de uma montanha acendemos uma fogueira, para não se apagar a chama que dá vida na noite inteira” (Canto Moço).
“Num lugar ermo só no meu abrigo aí terei meu tecto e meu postigo” (Tecto na Montanha). “No Lago do Breu a Lua nasce (No Lago do Breu). “Estou sozinho no mar largo, sem medo à noite cerrada” (Minha Mãe). Assim é o Corfebol para mim, estas “torres cinzentas que dão para o vento dentro do meu pensamento” (Altos Castelos), este sentir as dificuldades como um desafio, usando a paixão como escudo contra o infortúnio e telescópio para a felicidade.
E é assim que me vejo, sem modéstia, como “o vento que dá nas canas do canavial” (A Morte Saiu à Rua), porque conheci o Corfebol e “desde então a bater no meu peito em segredo sinto uma voz dizer Teima, teima sem medo” (Fui à Beira do Mar). E, por isso, me “ouvirás cantando nas alturas” (Canção de Embalar). E, pelo Corfebol, sei-o, “eu hei-de vencer” (É para Urga).
Pois é isto o Corfebol. Este Mundo onde se encontra “em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade” (Grândola, Vila Morena), em que é “benvindo quem vier por bem” (Traz Outro Amigo Também ), esta “Cidade sem muros nem ameias; gente igual por dentro, gente igual por fora” (Utopia), esta “Cidade do homem; não do lobo mas irmão; Capital da alegria” (Utopia). Onde os sexos se irmanam, pois “Mulher na democracia não é biombo de sala” (Teresa Torga).
Tenho pena de quem não conhece o Corfebol; de quem não nos conhece. “Há quem viva sem dar por nada; há quem morra sem tal saber” (Mulher da Erva).
Sabemos que isto está mau. Este Mundo que amamos anda triste, mas amamo-lo sempre. “Já o tempo se acostuma à cova funda” (Já o Tempo se Habitua), mas cremos piamente “que um dia rirá melhor quem rirá por fim” (A Morte Saiu à Rua).
Para o Corfebol, tantas vezes, parece que “a marcha do tempo parou” (O Homem Voltou), mas “já o tempo se habitua a estar alerta” (Já o Tempo se Habitua).
Não somos só nós que estamos mal. “O país vai de carrinho; vai de carrinho o país” (O País Vai de Carrinho). Anda tudo torto neste Portugal. “Mandadores de alta finança fazem tudo andar pra trás” (Os Índios da Meia-Praia). Compadrios e injustiças reinam. “À mesa da fama assentou-se quem mama” (Eu Marchava de Dia e de Noite).
E, claro, se as coisas correm mal, pior tendem para correr. “Quando tudo te corre a prazer vêm amigos estender-te a mão, mas se Deus ou o Diabo viram tudo ao contrário, ninguém vem levantar-te do chão” (Eu Marchava de Dia e de Noite). “Homem de costas vergadas, de unhas cravadas, na pele a arder; é minha a tua canseira, mas há quem queira ver-te sofrer” (Só Ouve o Brado da Terra). È certo e sabido que “onde não há pão não há sossego” (Menino do Bairro Negro).
“A gente ajuda, havemos de ser mais, eu bem sei; mas há quem queira, deitar abaixo o que eu levantei” (Venham Mais Cinco). “Quem te quebrou o encanto, nunca te amou” (Maio, Maduro Maio), ó Corfebol. Mas pior é “se alguém se engana com seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada” (Os Vampiros), àqueles que só vêm para cá estragar o que construímos. “Lembram-me os Sheikes das fitas, que dão porrada a quem passa” (Nefretite não Tinha Papeira).
Desgastam, “que um homem morre mil vezes, mil e uma já é demais” (Canção do Medo). Mas já não tenho pena, sei esperar” (Canção da Paciência).
Depois, há os que, com esse e outros desgastes, se vão embora. “Adeus que te vou deixar, ó minha terra, ó minha enxada; não faço gosto em voltar” (Adeus ó Serra da Lapa). Porque “às vezes uma dúvida rondava: valia ou não a pena o que fazias?” (Tinha uma Sala Mal Iluminada).
Mas vamos dar a volta. “Vira o vento e muda a sorte” (Natal dos Simples). “Mudem de rumo; já lá vem outro carreiro” (A Formiga no Carreiro).
“Companheiros de aventura, vinde comigo viajar” (Adeus ó Serra da Lapa), “venham comigo venham, que eu não vou só” (Menino d'Oiro). “E o caminho é só um; é sempre em frente” (Tinha uma Sala Mal Iluminada). “Amigo, maior que o pensamento, por essa estrada amigo vem. Não percas tempo, que o vento é meu amigo também” (Traz Outro Amigo Também ) “Ergue-te ó Sol de Verão; somos nós os teus cantores” (Coro da Primavera).
“Olha o sol que vai nascendo” (Menino do Bairro Negro), olha as “pombas brancas que voam altas” (As Pombas). Com elas, “canta camarada, canta,canta que ninguém te afronta” (Canta Camarada).
“Não há bandeira sem luta” (Teresa Torga). “Que a voz não te esmoreça vamos lutar” (Maio, Maduro Maio), “porque a luta continua” (Os Índios da Meia-Praia). Lutemos, pois, pelo que nos une. “Não quebrem vossa união” (Em Terras de Trás-os Montes). “Enquanto há força no braço que vinga, que venham ventos virar-nos as quilhas” (Enquanto Há Força).
“Não tenhamos medo, pois ninguém melhor poderá resolver esta luta “ (Barracas Ocupação). “Mas se há um camarada à tua espera, não faltes ao encontro sê constante” (Tinha uma Sala Mal Iluminada).
“Nem toda a força do pano, todo o ano, quebra a proa do mais forte, nem a morte” (Já o Tempo se Habitua). Porque “o homem conquista a vitória sobre o deserto e rio também” (Eu Marchava de Dia e de Noite), sabendo que “só o forte tem sorte” (Eu Marchava de Dia e de Noite). “Amigo, a vitória é tua” (Foi na Cidade do Sado).
“O que faz falta é agitar a malta” (O Que Faz Falta). Mexamo-nos. Façamos mexer os que nos ladeiam. “A presença das formigas nesta oficina caseira” (A Presença das Formigas) leva-me a pensar que somos muitos e bons para levar a bom porto esta demanda. “Somos filhos da madrugada” (Canto Moço), mas “o que faz falta é empurrar a malta” (O Que Faz Falta).
E, então, vamos. “Por esses quintais adentro vamos às raparigas solteiras” (Natal dos Simples), “por esses quintais adentro vamos às raparigas casadas” (Natal dos Simples). “Traz outro amigo também” (Traz Outro Amigo Também); “venham mais cinco” (Venham Mais Cinco), e que esses cinco tragam cada um outros tantos. E aí “seremos muitos, seremos alguém, cantai rapazes, dançai raparigas” (Enquanto Há Força).
E, enquanto “navegamos de vaga em vaga; não sabemos de dor nem mágoa” (Canto Moço), “muitos sóis e luas irão nascer; mais ondas na praia rebentar” (Canção da Paciência), e cá estaremos nós, Corfebolistas, a lutar, sempre!, pela nossa Modalidade, pelo nosso Mundo, pela nossa Vida!