Blog do Avô

O Primeiro Blogue sobre Corfebol (mas não só) em Portugal!

quinta-feira, janeiro 24, 2008

O Meu Mundo está Mais Largo

Pela primeira vez na sua história, a Internacional Corfebolista (movimento ideológico criado, hic et nunc, by Avô) tem, desde Dezembro de 2007, um número de países filiados (contam os critérios da IKF) superior ao dobro dos anos da sua existência. Contas estranhas, que só passariam por esta cabecinha que inventa marcos históricos em qualquer lado.
Aos 104 anos, o Corfebol atingiu os 54 países com prática suficiente para estarem filiados na Federação Internacional. Foram mais 10 (!) na última Assembleia Geral, cabendo aos argentinos o fecho actual da lista.

Em 1978, para comemorar os 75 anos da KNKV (Federação Holandesa de Corfebol; primeira no Mundo), realizou-se o primeiro Mundial de Corfebol. Participaram, então, 8 países, de entre os 10 que estavam filiados na IKF. Em pouco mais de 30 anos… o crescimento é considerável.
Hoje, 24 países estiverem presentes nos oito Mundiais realizados. Apenas 4 (se considerarmos a Inglaterra como o legítimo sucessor da Grã-Bretanha e a Alemanha como o legítimo sucessor da RFA) foram totalistas. Os dois que não referi, está bom de ver, foram a Holanda e a Bélgica, que disputaram todas as finais, tendo apenas a Bélgica levantado uma vez o troféu (em 1991).
Esse é o grande ponto fraco da modalidade. Falta competitividade no topo. Só olhando para os Mundiais, vemos que o 3º lugar já foi de 5 selecções, e que já houve 15 que ficaram nos 8 primeiros, o que, em 8 edições, nem é mau. Mas as finais são muito repetitivas…

De qualquer forma, foque-se o que é bom. E o bom é termos 54 Federações (ou outros organismos equiparados) que integram o Movimento Corfebolístico Internacional (mais politicamente correcto que “Internacional Corfebolista”).
Algumas adormecidas, é verdade, outras embrionárias, claro, mas todas no Directório. 27 Europeias, 12 Asiáticas, 9 Americanas, 3 Africanas, 3 da Oceânia.
Nico Broekhuysen deve estar contente, lá no fundo da sua tumba; Adrie Zwaanswijk deve estar grato, lá no descanso da sua reforma; Jan Fransoo deve estar merecidamente orgulhoso, lá no labor do seu cadeirão.

E, se algum dia, vos perguntarem se essa coisa que nós praticamos se joga em algum lado, espetem-lhes com a lista dos 54 e riam-se. E, já agora, não se esqueçam de que, a este ritmo, a qualquer momento os argentinos podem ter deixado de ser o fim da lista.

Dank U

sábado, janeiro 05, 2008

3 Reis (um oldie)

Chamem-lhe nostalgia, chamem-lhe falta de tempo, chamem-lhe preguiça, chamem-lhe falta de tema, mas hoje, véspera do Dia de Reis, meto aqui um oldie, repescado de tempos já idos há muito.
Algumas referências estão desactualizadas (alguém ainda se lembra da Bárbara Guimaarães na Chuva de Estrelas?), outras podiam estar diferentes (camelos e Mário Lino ainda não se relacionavam quando isto foi escrito), outras, devo dizer sinceramente que não me lembro a que se referem (aquela dos cães vivos... se alguém me puder refrescar a memória...).
Fica a memória, a lembrar tempos mais quentes e de quando ainda nos juntávamos todos, anualmente, na praia de Carcavelos, a mandar umas bolas aos cestos no fresquinho da noite.
Cá fica, pois, o oldie. Penso que data de Junho de 2003, mas não tenho a certeza.
De remotos reinos das arábias, 3 Reis avançam, nos seus camelos, pela Avenida Marginal. Os passantes estranham. É hábito ver camelos a guiar, mas não é tanto vê-los a serem guiados pelas estradas de Portugal.
Os 3 Reis (George Clooney, Ice Cube e Mark Whalberg) tinham ido ter a Belém por engano. Chegados à Torre, concluíram que não era bem aquela Belém que queriam e puseram-se a caminho, na direcção de Cascais, à espera de um sinal.
A certa altura, ali para Carcavelos / São Julião, viram luz. Não era uma estrela, mas sim a luz dos holofotes na praia, auxiliada por uma outra luz, muito mais forte, que é aquela que sempre irradia dos locais onde se junta gente gira a fazer coisas giras.
Ataram os camelos à rotunda das bossas de relva. Pareceu feita à medida, porque tem bossas e porque se não foi feita para atracar camelos, dá pelo menos a ideia de terem sido camelos a projectá-la, a avaliar pela estética / utilidade da coisa.
Desceram, então, às areias. Pensavam que se iam sentir em casa, mas havia muita gente, muito mais do que nos desertos que estavam habituados a calcorrear. Passava das 200 pessoas, à volta de um oásis com meia dúzia de palmeiras esquisitas.
Esquisitas e inúteis, porque pouca sombra dão e porque em vez de as pessoas irem lá buscar fruta, passaram o tempo a atirar a fruta (uns frutos redondos, grandalhões) lá para cima. E o pior é que, mesmo que acertassem, aquilo voltava sempre a cair (ritual estranho, o destes ocidentais!).
Não havia manjedoura, mas uma tenda. Lá dentro não havia vacas e burros, mas alguns cães vivos. Lá fora, Deus dava o sinal da sua presença através de trombetas e da Sua voz incessante, ecoante, possante, que chagava a todo o lado com uma aparência de… Ferro.
A certa altura, nem a Estrela faltou. Uma estrela, ainda por cima, habituada a lidar com chuvas delas. Foi difícil de encontrar porque estava mascarada de pulga.
Convencidos, finalmente, de aquele era o local que procuravam, encontraram o chefe Ralf e expuseram-lhe as prendas que tinham para dar.
O George trazia Qualidade.
O Ice trazia Boa-Disposição.
O Mark trazia Amizade.
Agradecido, o Ralf disse que não necessitava de tais oferendas e convidou-os a olhar bem à sua volta.
A qualidade da organização daquele evento, a amizade que emanava daquele estranho Desporto, a boa-disposição que reinava entre todas aquelas pessoas, deixaram o 3 Reis admirados. Perceberam, então, que se alguém tinha prendas a receber eram eles.
Receberam uma lição de humildade; prometeram fazer uma equipa das arábias para a 4ª edição; mas o que os deixou mesmo banzados de todo foram as ofertas que levaram para casa:
Imaginem o sucesso que eles não fizeram lá pelos desertos com as suas t-shirts “Hot Inside”, as suas fitas “Love 2 Dance” a substituir os turbantes, os porta-chaves do Corte Inglês ao pescoço e (principalmente!) as botijas do “Vem Jogar Misto” penduradas nas bossas dos camelos.