O Pequeno Príncipe
Antoine faz hoje anos. 105 desde que nasceu. Mais de metade destes aniversários fê-los fora do conceito adulto de vida, mas nunca morto, que as crianças não morrem nem deixam morrer enquanto um Principezinho as velar e fizer sonhar.
O aniversário do aviador Antoine faz-me lembrar uma frase, “Desenha-me um carneiro”, que remeto para um “escreve sobre a minha viagem”. Mal o Antoine sabe quem sou eu, mal o Petit Prince sabe o que é isto do Corfebol. Portanto, a remissão é abusiva, mas cumpro-a... porque sim!
E penso no Corfebol, como sempre. Mais abusivo, talvez. Seja.
O rei do primeiro planeta visitado pelo não-adulto. O patético imperador de um reino sem súbditos, como ter cargos pomposos numa modalidade sem pessoas? Ou o sábio regente que não admite recusas à sua autoridade, simplesmente porque a exerce em função da ordem real das coisas, como o dirigente que toma decisões realistas?
O vaidoso do segundo planeta. O autista emproado que só ouve elogios, como o fundamentalista clubístico para quem todas as críticas negativas são fraudes ofensivas? Ou o positivo que só quer reconhecimento, como o ciberviajante que não responde a provocações e procura o lado bom do seu desporto?
O bêbado do terceiro planeta. A atitude pescadinha-de-rabo-na-boca, como o atleta refilão que refila porque as coisas correm mal porque está a jogar mal porque está mais preocupado em refilar? Ou o recatado quem tem vergonha do que não é feito e que não faz porque é recatado?
O homem de negócios do quarto planeta. O não-sonhador que só pensa em lucro, como o treinador que só vê vitórias e se esquece das voláteis coisas boas da vida? Ou o sonhador oculto por números que, afinal, quer as estrelas, como quem só queria que alguém oferecesse o produto do Euromilhões ao desenvolvimento do Corfebol?
O acendedor de lampiões do quinto planeta. O legislador cego, como quem aplica leis a situações de um mundo pequeno com o mesmo zelo com que o faria em actividades profissionais? Ou o coerente pensador, como o que democraticamente exerce o poder exarado dos livros, sem olhar a cores e credos?
O geógrafo do sexto planeta. O planificador que faz projectos e aguarda que outros os executem, como o responsável federativo que apresenta papéis e se esquece de verificar a sua execução? Ou o lançador de ideias, o captador de indícios, como quem traça os caminhos a seguir e esses puxam a actividade pelas rédeas da qualidade?
E ao sétimo planeta chegou a Terra.
E na Terra a serpente resolvia enigmas, mesmo os mais intrincados, como as parábolas do Avô. E no deserto havia uma flor, que se orgulhava das suas raízes, assim como se fosse um corfahólico assumido. E nas montanhas conheceu o eco, que era parecido com as formigas que, vestidas da cor de um clube, alinham ordeiras e sem contestar no carreiro da opinião vigente e ditada pelos seus mestres. E descobriu as rosas, muitas rosas, tantas rosas que o saber que a do seu planeta não era a única o fez sentir como o pessoal que vai à Holanda e descobre que isto, afinal, é praticado por uma multidão de carolas. “E foi então que apareceu a raposa”, que lhe ensinou o significado de cativar, “apprivoiser” no original, tão difícil de traduzir como de conseguir, mas tão próximo de nós, corfadictos, e do que sentimos pela nossa modalidade. E cruzou-se com o guarda-chaves, que não sabia o porquê do que fazia, como os treinadores em início de carreira que são abandonados com um modelo de treinos e pouca explicação dos porquês. E não comprou pílulas de não-sede ao vendedor de pílulas, tal como não compraria pílulas que tornassem desnecessário o exercício físico, de tão revigorante que é o cansaço, por muito paradoxal que isto se vos apresente. E, em pleno Saara, encontrou um aviador caído dos ares, um Saint-Exupéry mal disfarçado, que hoje faz anos.
Parabéns!
O aniversário do aviador Antoine faz-me lembrar uma frase, “Desenha-me um carneiro”, que remeto para um “escreve sobre a minha viagem”. Mal o Antoine sabe quem sou eu, mal o Petit Prince sabe o que é isto do Corfebol. Portanto, a remissão é abusiva, mas cumpro-a... porque sim!
E penso no Corfebol, como sempre. Mais abusivo, talvez. Seja.
O rei do primeiro planeta visitado pelo não-adulto. O patético imperador de um reino sem súbditos, como ter cargos pomposos numa modalidade sem pessoas? Ou o sábio regente que não admite recusas à sua autoridade, simplesmente porque a exerce em função da ordem real das coisas, como o dirigente que toma decisões realistas?
O vaidoso do segundo planeta. O autista emproado que só ouve elogios, como o fundamentalista clubístico para quem todas as críticas negativas são fraudes ofensivas? Ou o positivo que só quer reconhecimento, como o ciberviajante que não responde a provocações e procura o lado bom do seu desporto?
O bêbado do terceiro planeta. A atitude pescadinha-de-rabo-na-boca, como o atleta refilão que refila porque as coisas correm mal porque está a jogar mal porque está mais preocupado em refilar? Ou o recatado quem tem vergonha do que não é feito e que não faz porque é recatado?
O homem de negócios do quarto planeta. O não-sonhador que só pensa em lucro, como o treinador que só vê vitórias e se esquece das voláteis coisas boas da vida? Ou o sonhador oculto por números que, afinal, quer as estrelas, como quem só queria que alguém oferecesse o produto do Euromilhões ao desenvolvimento do Corfebol?
O acendedor de lampiões do quinto planeta. O legislador cego, como quem aplica leis a situações de um mundo pequeno com o mesmo zelo com que o faria em actividades profissionais? Ou o coerente pensador, como o que democraticamente exerce o poder exarado dos livros, sem olhar a cores e credos?
O geógrafo do sexto planeta. O planificador que faz projectos e aguarda que outros os executem, como o responsável federativo que apresenta papéis e se esquece de verificar a sua execução? Ou o lançador de ideias, o captador de indícios, como quem traça os caminhos a seguir e esses puxam a actividade pelas rédeas da qualidade?
E ao sétimo planeta chegou a Terra.
E na Terra a serpente resolvia enigmas, mesmo os mais intrincados, como as parábolas do Avô. E no deserto havia uma flor, que se orgulhava das suas raízes, assim como se fosse um corfahólico assumido. E nas montanhas conheceu o eco, que era parecido com as formigas que, vestidas da cor de um clube, alinham ordeiras e sem contestar no carreiro da opinião vigente e ditada pelos seus mestres. E descobriu as rosas, muitas rosas, tantas rosas que o saber que a do seu planeta não era a única o fez sentir como o pessoal que vai à Holanda e descobre que isto, afinal, é praticado por uma multidão de carolas. “E foi então que apareceu a raposa”, que lhe ensinou o significado de cativar, “apprivoiser” no original, tão difícil de traduzir como de conseguir, mas tão próximo de nós, corfadictos, e do que sentimos pela nossa modalidade. E cruzou-se com o guarda-chaves, que não sabia o porquê do que fazia, como os treinadores em início de carreira que são abandonados com um modelo de treinos e pouca explicação dos porquês. E não comprou pílulas de não-sede ao vendedor de pílulas, tal como não compraria pílulas que tornassem desnecessário o exercício físico, de tão revigorante que é o cansaço, por muito paradoxal que isto se vos apresente. E, em pleno Saara, encontrou um aviador caído dos ares, um Saint-Exupéry mal disfarçado, que hoje faz anos.
Parabéns!